Violas portuguesas: uma jornada pelos sons da tradição
A diversidade cultural de Portugal reflete-se em muitos aspetos da vida quotidiana, incluindo a música. Um dos instrumentos musicais que mais evidenciam essa diversidade são as violas.
As violas portuguesas são uma família de instrumentos de cordas que variam conforme a região, cada uma com suas características únicas, história e som distinto.
Este texto explora as várias violas portuguesas, incluindo as específicas da Madeira e dos Açores, detalhando os nomes, origens e características de cada uma.
Violas de Portugal continental
Viola Braguesa
A viola braguesa é uma das mais conhecidas violas portuguesas, originária da região do Minho.
Tem um corpo pequeno e uma caixa de ressonância estreita, com cinco ordens de cordas duplas, totalizando dez cordas.
A afinação tradicional da viola braguesa é em sol, ré, sol, si, ré (do agudo para o grave).
Este instrumento é frequentemente utilizado na música tradicional do Minho, especialmente no acompanhamento de cantigas ao desafio e rusgas.
“A viola braguesa tem um som inconfundível que ressoa profundamente nas tradições do Minho. Cada toque é uma viagem pelas nossas raízes culturais.” Carlos Correia (Tocador)
“A viola braguesa é um símbolo da música popular minhota, refletindo a riqueza e a diversidade das tradições musicais portuguesas.” Rui Vieira Nery (Musicólogo)
Viola Amarantina
A viola amarantina, originária da região de Amarante, é uma das violas portuguesas tradicionais.
Caracteriza-se pelo seu corpo pequeno e gracioso, com cinco ordens de cordas duplas, totalizando dez cordas.
O seu nome deve-se à cidade de Amarante, onde é mais popular. Este instrumento possui uma afinação em ré, lá, ré, fá#, lá e é amplamente utilizado na música folclórica local, acompanhando danças e canções tradicionais.
A viola amarantina destaca-se pelas suas decorações elaboradas, frequentemente apresentando incrustações e motivos florais no tampo e no braço.
“A viola amarantina é uma verdadeira joia da nossa tradição musical. Cada acorde traz consigo a alma e a história de Amarante, enchendo o coração de quem a ouve com nostalgia e alegria.” José Manuel Neto (Tocador)
“A viola amarantina destaca-se não apenas pelo seu som cristalino, mas também pela sua estética elaborada, com decorações intrincadas que fazem dela uma peça de arte. É um símbolo vivo da rica herança cultural de Amarante.” Helena Moreira (Musicóloga)
Saber mais sobre a viola amarantina.
Viola Beiroa
A viola beiroa é típica da região da Beira Baixa. Apresenta cinco ordens de cordas, das quais três são duplas e duas são triplas, totalizando treze cordas.
Tem um som peculiar, adequado ao acompanhamento de canções populares e danças tradicionais.
A afinação tradicional da viola beiroa é em sol, ré, lá, ré, sol.
“A viola beiroa é um instrumento essencial na preservação das canções e danças tradicionais da Beira Baixa. A sua sonoridade única é um testemunho da herança cultural da região.” António Pereira (Investigador)
“Tocar a viola beiroa é como dar voz às histórias e emoções do nosso povo. É um elo vivo com o passado.” Joana Rodrigues (Tocadora)
Viola Campaniça
A viola campaniça, também conhecida como viola alentejana, é oriunda do Alentejo.
Caracteriza-se pelo seu corpo grande e profundo, que proporciona um som robusto e envolvente.
Este instrumento tem cinco ordens de cordas duplas, num total de dez cordas, afinadas tradicionalmente em ré, lá, ré, lá, ré.
A viola campaniça é amplamente utilizada no cante alentejano e nas modas do Alentejo.
“A viola campaniça é a alma do cante alentejano. Sem ela, muitas das nossas modas perderiam a sua essência. O seu som profundo e melódico é inconfundível.” Pedro Mestre (Tocador e Investigador)
“A viola campaniça é um exemplo notável de como um instrumento musical pode encapsular a identidade cultural de uma região inteira.” Maria do Rosário Pestana (Musicóloga)
Saber mais sobre a viola campaniça.
Violas da Madeira
Viola de Arame
A viola de arame é um instrumento típico da Madeira, conhecido pelo seu som cristalino e vibrante.
Esta viola tem um corpo pequeno e cinco ordens de cordas duplas, totalizando dez cordas. A afinação tradicional da viola de arame é em ré, lá, ré, fá#, lá.
Este instrumento é frequentemente utilizado na música folclórica madeirense, sendo um elemento central em géneros como o Bailinho da Madeira.
“A viola de arame é a voz da Madeira. A sua sonoridade brilhante e viva é parte integrante das nossas festas e tradições.” Ricardo Silva (Tocador)
“A viola de arame é fundamental para entender a evolução da música madeirense e o seu impacto nas práticas musicais da ilha.” Cristina Rodrigues (Investigadora)
Braguinha
O braguinha, também conhecido como machete, é outro instrumento emblemático da Madeira. É uma pequena viola de quatro cordas simples, afinadas em ré, sol, si, ré (da grave para a aguda).
O braguinha tem uma importância histórica significativa, sendo considerado um precursor do ukulele havaiano, levado para o Havai por emigrantes madeirenses no século XIX.
O seu som agudo e alegre é típico da música tradicional madeirense.
“O braguinha é pequeno, mas o seu som é gigante na cultura madeirense. É impossível imaginar uma festa tradicional sem ele.” Manuel Fernandes (Tocador)
“O braguinha é um instrumento que transcendeu fronteiras, influenciando até mesmo a criação do ukulele no Havai. A sua história é fascinante.” Lúcia Freitas (Musicóloga)
Violas dos Açores
Viola da Terra
A viola da terra, também chamada viola de dois corações, é a viola típica dos Açores. Este nome deve-se ao seu bojo duplo, frequentemente decorado com dois corações.
A viola da terra tem uma caixa de ressonância pequena e estreita, com doze cordas distribuídas em cinco ordens (duas triplas e três duplas). A afinação tradicional varia, sendo as mais comuns em dó, sol, dó, mi, lá e em lá, mi, lá, dó#, mi.
Este instrumento é amplamente utilizado no acompanhamento das modas regionais, folclore açoriano e cantigas ao desafio.
“A viola da terra é o coração dos Açores. O seu som melodioso é um convite para dançar e celebrar a vida.” João Leal (Tocador)
“A viola da terra, com os seus dois corações, é um reflexo perfeito da dualidade e da profundidade da cultura açoriana. Estudar este instrumento é explorar a alma dos Açores.” Margarida Pereira (Investigadora)
Características e construção
As violas portuguesas são geralmente construídas com madeiras locais, como o pinho, o carvalho, o castanho e o jacarandá.
A construção de uma viola é um processo artesanal que pode levar vários meses, dependendo da complexidade e dos detalhes do instrumento.
Cada região tem as suas tradições de construção, o que se reflete no som e nas características de cada viola.
Os diferentes tipos de violas têm também variações no tamanho do corpo, na profundidade da caixa de ressonância, na largura do braço e na disposição das cordas.
Estas diferenças contribuem para a diversidade sonora das violas portuguesas, permitindo uma ampla gama de timbres e possibilidades musicais.
Importância cultural
As violas portuguesas têm um papel central na música tradicional de cada região. São usadas para acompanhar danças, canções e outras manifestações culturais.
A sua presença é essencial em festividades, romarias e encontros comunitários, onde servem como um elo de ligação entre as gerações, transmitindo conhecimentos e tradições.
As afirmações atrás transcritas de tocares(as), musicólogos(as) e investigadores(as) destacam a importância cultural e musical das diversas violas tradicionais portuguesas, mostrando como cada uma delas é valorizada e preservada tanto por músicos quanto por estudiosos.
Conclusão
As violas portuguesas são um tesouro cultural, refletindo a diversidade e a riqueza da música tradicional de Portugal.
Desde a viola braguesa do Minho até à viola da terra dos Açores, cada instrumento conta uma história única e contribui para a identidade musical do país.
Preservar e promover o uso destas violas é essencial para manter viva a tradição e a cultura portuguesa, passando-a de geração em geração.