Rendeiras de Niza – Artesanato do Alto Alentejo
Rendeiras de Niza
Nos confins do Alto Alentejo, encontra-se, localizada em Niza, uma antiga e curiosa indústria – a das rendas.
É interessante ver as rendeiras, sentadas em tripeças, junto das portas, vestidas com os trajos característicos – saias escuras com barras claras, roupinhas de pano, lenço traçado sobre o peito, e mantilha curta na cabeça ou o clássico chapéu nizense;
adornadas com gargantilhas e fios de ouro, onde predominam os antigos hábitos de Cristo, de ouro esmaltado.
Umas, com o rebólo sobre os joelhos, vão fazendo as rendas de colchete, qual delas a mais complicada, ou desfiando no alvo pano de linho os entremeios tão caprichosos, produtos de extrema paciência;
outras fazem rendas de agulha, que servem as mais das vezes para colchas, que levam anos a compor e que passam gerações guardadas nos arcazes, servindo somente em dias festivos de bodas ou batizados.
A indústria das rendas de Niza, – até há pouco restringida quase ao uso local, – tem ultimamente exportado muitos e belos exemplares, notando-se por isso um certo desenvolvimento no labor das rendeiras, que oxalá não abandonem os modelos e desenhos que ainda seguem e que imprimem às suas rendas um carácter acentuadamente regional.
Na figura I estão representadas duas rendeiras trabalhando, à porta da casa, nas rendas de rebólo, o mesmo sucedendo na figura 3, onde essas rendeiras são acompanhadas por outra mulher, que desfia um entremeio. Na figura 2, das três mulheres, tipicamente vestidas, a do meio trabalha em renda de agulha.
(Clichés do autor)
Luís Keil
Fonte: “Terra Portuguesa – Revista Ilustrada de Arqueologia Artística e Etnografia” (ano 2 – nº 17 a 20 – Junho a Setembro de 1917) (texto editado e adaptado)