Artesanato no distrito de Vila Real: as marcas de um povo!
Artesanato no distrito de Vila Real: as marcas de um povo
Tudo aquilo que o Homem acrescenta à natureza é Cultura, ou seja, toda a obra do Homem é cultural. Pode mesmo dizer-se que onde existe a mão do Homem existe, forçosamente, cultura. Contudo, os homens não acrescentam coisas à Natureza da mesma maneira; cada grupo tem a sua forma peculiar de o fazer.
A variedade das condutas humanas é pautada, essencialmente, por padrões ou modelos, tendo como sustentáculo o sócio-cultural. Estes padrões assumem toda uma dimensão comunicacional, onde cada homem se identifica, conhece-se e reconhece-se.
Nas suas formas de expressão, ele adapta e transforma o meio circundante às suas necessidades e condicionalismos, desenvolvendo, assim, as suas potencialidades e a sua própria individualidade.
Do meio era extraído quase tudo o que necessitavam para a subsistência; desde a casa ao vestuário, passando pelo alimento e utensílios, e assim foram surgindo das mãos de habilidosos, peças de vestuário e instrumentos gratuitos, inseridos no ciclo das trocas de favores.
O Homem é o único ser na Terra com capacidade de criar, adoptar, adaptar e modificar objectos, ideias, crenças ou costumes. Ele não constitui uma componente da cultura, é criador de cultura, consoante as circunstâncias que o envolvem.
O natural alia-se ao cultural, procurando o próprio equilíbrio comunitário e social. (…)
Tecelagem
“O Bragal” – tecido de puro linho, nasce de um ciclo trabalhoso, a que ainda é possível assistir em alguns pontos do distrito de Vila Real.
Entre Abril e Maio, a semente – a linhaça – é lançada à terra, cuja preparação para a receber exige inúmeros cuidados – vessada.
São necessárias as regas certas e muito saber, não vá o tempo pregar alguma. Ler +
Olaria
Olaria diz-se da arte de oleiro que é relativa a “panelas”, de barro.
Para o povo transmontano, a Olaria passa, não só, pela componente decorativa, como também se afirma como utilitária, exprimindo-se em formas simples e funcionais.
Faça-se especial destaque para a “louça preta de Bisalhães”, pertencente ao concelho de Vila Real, datando as primeiras peças de 1722. Ler+
Cestaria
O cesteiro e o cesto são figuras habituais em qualquer contexto rural.
Em tempos em que os materiais naturais predominavam face aos materiais sintéticos, a arrecadação e o transporte de géneros e artigos realizavam-se utilizando a cestaria. Ler+
Rendas e Bordados
A realização da prática artesanal dos bordados e das rendas ascende a tempos bastante recuados.
Ela nasce do jeito e da paciência da figura feminina, e, crê-se, nas classes nobres, onde o tempo urgia ser preenchido, o tempo em que a mulher esperava pelo seu senhor.
“O Homem, senhor da guerra; a Mulher, senhora do Lar”. Ler+
Latoaria
Os objectos, fundamentalmente receptáculos para líquidos, nasciam do labor de artistas que manuseavam e contorciam os materiais, transformando-os em peças com capacidade para suportar grandes quantidades, em peças mais delicadas que decoravam o lar, em utensílios de cozinha e outro uso doméstico e em aformoseadas candeias que iluminavam bucolicamente o ambiente familiar. Ler+
Tanoaria
País vinhateiro, Portugal tem como característico o processo da concepção do vinho.
Passando por tarefas múltiplas, desde a colheita à vindima, a saga culmina no armazenamento que exige técnica e engenho, contribuindo para a reconhecida qualidade da famosa seiva.
O tanoeiro torna-se, assim, figura representativa de toda uma região que se alimenta, indiscutivelmente, da azáfama vinícola. Ler+
Tamancaria
Os socos e os tamancos eram habitualmente usados como calçado, pelos mais desfavorecidos, ou por aqueles que trabalhavam directamente com a terra.
Com a base de madeira e o revestimento em pele, o pé delicado ou grosseiro acomodava-se e movia-se, ou com graça, ou com segurança e robustez.
O sentido do desconforto aparece posteriormente com o surgir de mudanças estruturais e sócio-económicas. Ler+
Pintura em Cerâmica
De significado bastante abrangente, a cerâmica diz respeito ao fabrico de objectos, desde tijolos, telhas e outros objectos de barro cozido, bem como porcelanas, faianças e louça de grés.
Mas num sentido mais restrito, aliamos a actividade à “arte de fazer vasos de barro”, passando também pela própria pintura, especialmente aquela respeitante à louça mais fina. Ler+
Croças
Croças, capas feitas de colmo ou junco, usadas por camponeses e pastores, para resguardo da chuva e do frio.
A parte nordeste do distrito de Vila Real assume uma tipicidade de clima bastante acentuada, as temperaturas atingem valores, ora muito altos, ora muito baixos.
Diz a boca do povo – “três meses de Inferno, nove meses de Inverno”.
Muito especialmente os meses de Inverno, exigem aos autóctones uma forte capacidade de resistência e adaptação ao meio. Ler+
Fonte do texto: Guia “Artes e Ofícios Tradicionais do distrito de Vila Real” – 1999 – NERVIR (texto adaptado)