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Teatro Popular | I Congresso de Etnografia e Folclore

Da idade média à actualidade | Autos, representações e recreações | Os Quadros Vivos

Exibição de figuras humanas a representarem mártires, santos ou diabos, os quadros vivos constituíam espectáculo curioso em que os actores se moviam, mas não falavam. Entendiam-se por mímica.

As cenas desenrolavam-se sobre um palco que se movia vagarosamente, sobre um eixo, mercê de uma engrenagem movida por um homem, ambos vedados ao público por uma cortina.

O palco era formado por quatro panos de boca que subiam e desciam para os quatro pontos cardiais, podendo assim o espectáculo ser presenciado de todos os lados.

A iluminação era feita com candeeiros de petróleo sem chaminé e, nos últimos tempos, com candeeiros de acetilene.

Os assuntos abordados

O cartaz era constituído por dramas:

A morte de D. Inês de Castro,

A morte do justo,

A morte do pecador, etc.

e por cenas bíblicas:

Anunciação,

A Visitação de Nossa Senhora,

O Nascimento do Menino Jesus, etc.

O número de figurantes variava segundo os quadros, e a indumentária e os utensílios constavam de vestes e armas antigas.

Perfeitas no género, as representações dos quadros vivos eram dignas de admiração pela ingenuidade da concepção, da exibição e da admirável intuição artística de gente quase inculta.

Quadros vivos não só em Portugal

Eu, que supunha que eles constituíam caso raro não apenas em Portugal, mas no estrangeiro, encontrei em Boletim da Associação Tucumana de Folclore da Argentina a descrição de representação semelhante, senão inteiramente igual, com quadros religiosos, profanos e místicos, como os nossos, a exaltar o trabalho, as virtudes, os heróis e os Santos.

Em presença de tão curiosa e artística manifestação popular, verdadeira raridade nacional e creio que internacional, ao mesmo tempo que tenho o grato prazer de a dar a conhecer aos meus camaradas Congressistas, formulo votos pela sua ressurreição.

Dr. Jaime Lopes Dias

Fonte: Guia oficial do “I Congresso de Etnografia e Folclore”, promovido pela Câmara Municipal de Braga | Braga e Viana do Castelo, 22 a 25 de Junho de 1956 (texto editado e adaptado)