Jaime Lopes Dias | Folclorista beirão
Jaime Lopes Dias (1890-1977)
– Nasceu em Vale de Lobo, actual Senhora da Póvoa (Penamacor), a 25 de outubro de 1890.
Frequentou o liceu de Castelo Branco, onde concluiu o curso geral em 1906. Frequentou também o Colégio de S. Fiel, no Fundão, e o liceu de Coimbra,
Em 1908, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde concluiu o curso em 28 de julho de 1912.
Actividade profissional
Ao longo dos anos, desempenhou vários cargos públicos: oficial do Registo Civil de Penamacor, notário em Idanha-a-Nova.
Exerceu o cargo de administrador do concelho de Idanha-a-Nova entre 1915 e 1916, e, depois de prestar provas para secretário-geral do Governo Civil, foi colocado em Castelo Branco, onde permaneceu até 1926.
Foi juiz presidente do Tribunal de Desastres no Trabalho, em Castelo Branco, vereador da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
E, também, professor dos 4º e 5º grupos do liceu de Castelo Branco, presidente da Comissão Agrícola da 55ª Região, adjunto do diretor geral da Administração Política e Civil do Ministério do Interior.
Também foi vogal do Conselho do Cadastro – Instituto Geográfico e Cadastral, e diretor dos Serviços Centrais e Culturais da Câmara Municipal de Lisboa, onde desenvolveu uma ação digna de registo.
Fez parte das comissões encarregadas do Estudo de Receitas e Despesas Municipais da Divisão Provincial do País, e da Divisão Regional e Agrícola.
Presidiu, em 1937, à comissão encarregada da Organização dos Serviços das Câmaras Municipais de Lisboa e Porto e à comissão organizadora do Grande Cortejo Folclórico.
Recebeu, da Câmara Municipal de Lisboa, a medalha de ouro. Pertenceu a inúmeras associações científicas, literárias, artísticas, regionalistas (Portuguesas e estrangeiras).
Académico e folclorista reconhecido!
Em 1962 viu-se eleito académico efectivo da Academia de Ciências de Lisboa.
Foi membro titular do Instituto Internacional de Ciências Administrativas de Bruxelas e foi sócio de muitas instituições científicas e culturais. Foi Comendador da Ordem de Cristo. Fundou o Sindicato Agrícola e a Caixa de Crédito Agrícola de Idanha-a-Nova.
Fez a campanha para a criação de um Posto Agrário em Idanha-a-Nova. Organizou o IV Congresso e Exposição Regional das Beiras. Promoveu, por ocasião, destes certames, a publicação de um álbum de propaganda da cidade de Castelo Branco, a instalação do Museu Tavares Proença Júnior e a construção do monumento a Vaz Preto.
Folclorista de nomeada, a sua “Etnografia da Beira” (em onze volumes, o primeiro dos quais publicado em 1962), continua a constituir trabalho de referência no conjunto da literatura Portuguesa consagrada ao tema.
E sem dúvida que o folclore, (como ciência englobante da etnologia, etnomusicologia e segmentes afins), formaliza o cume de interesse no conjunto da uma obra de conteúdos multifacetados: direito, arte, história, instrução, problemas administrativos, social, económico, regionalistas.
Autor de inúmeras obras das quais destacava “Portugal e a Etnografia”, “Pelourinhos e Forcas do Distrito de Castelo Branco”, “Aspirações e necessidades da Beira”, “Código Administrativo de 1936 e 40” e muitas outras.
Jaime Lopes Dias e a sua faceta de jornalista
Jaime Lopes Dias
teve igualmente uma faceta de jornalista importante.
Foi fundador, director e colaborador de um sem número de periódicos regionais e nacionais: Revista Municipal de Lisboa e o Boletim da Casa das Beiras.
Foi, também, diretor dos jornais Povo de Idanha (Idanha-a-Nova), e Província (Castelo Branco), e foi um dos fundadores da Acção Regional (Castelo Branco).
Organizou números especiais referentes a Castelo Branco e ao seu distrito e província, em: Revista das Beiras, Revista Insular e de Turismo, Terras de Portugal, Álbum de Portugal, etc.
Colaborou em diversas publicações: Ocidente, Anuário Comercial (Turismo), Panorama, Revista Portuguesa de Comunicações, Revista da Mocidade Portuguesa Feminina. No Boletim da Junta Nacional da Cortiça, Almanaque das Beiras, Guias dos Hotéis e Turismo, Portugal Corticeiro, Diário de Notícias.
Também no Século, Novidades, Diário de Coimbra, Mocidade Livre, Semana das Beiras, Vanguarda (de Castelo Branco), Cidade, Sul da Beira (Covilhã), Via Latina (número único), etc.
Faleceu em Lisboa no ano de 1977.
Fonte: Dados retirados do livro: “Autores Nascidos no Distrito de Castelo Branco”, de António Forte Salvado. (Texto adaptado e aumentado com informações retiradas de Grande enciclopédia portuguesa e brasileira, vol. XV, pp.447-448)