Provérbios

O que quer dizer? Explicação de provérbios acerca do vinho

Os provérbios são expressões populares que refletem a sabedoria coletiva de um povo, transmitida de geração em geração.

Eles utilizam metáforas e comparações para ensinar lições de vida, dar conselhos práticos e refletir sobre a natureza humana e as circunstâncias do quotidiano.

Em Portugal, os provérbios relacionados ao vinho são especialmente numerosos e ricos, evidenciando a importância cultural e social desta bebida.

Apresentamos aqui o eventual significado de diversos provérbios sobre o vinho:

– “Ao teu amigo e ao teu vizinho o teu melhor pão e o melhor vinho.”

Significa que devemos oferecer o melhor de nós mesmos às pessoas próximas, como amigos e vizinhos, mostrando generosidade e cuidado com quem está ao nosso redor.

– “Quem tem bom vinho tem bons amigos.”

Sugere que a hospitalidade e a generosidade, exemplificadas pela oferta de bom vinho, ajudam a manter e fortalecer amizades. Também pode significar que aqueles que possuem bom vinho, serão ricos, e que, por isso, terão bons amigos.

– “Vinho e amigo, o mais antigo.”

Indica que tanto o vinho como os amigos antigos são valiosos. E que quanto mais antigos, melhor. Assim como o vinho envelhecido é apreciado, as amizades de longa data são especiais e merecem ser valorizadas.

– “Se queres o velho menino, dá-lhe doce e vinho.”

Quer dizer que, para conquistar a simpatia e o carinho das pessoas mais velhas, devemos ser generosos e oferecer-lhes pequenos prazeres, como doces e vinho.

– “Vinho e medo descobrem o segredo.”

Significa que tanto o vinho (que pode diminuir as inibições) quanto o medo (que pode levar a confissões) têm o poder de fazer com que as pessoas revelem segredos ou verdades ocultas.

– “Vinho doce bebe-se como se nada fosse.”

Indica que o vinho doce, por ser agradável ao paladar, pode ser consumido em grande quantidade sem que a pessoa se aperceba, devido ao seu sabor suave.

– “Quem na sopa deita vinho de velho se faz menino.”

Sugere que adicionar vinho à sopa pode rejuvenescer ou dar energia, fazendo com que a pessoa se sinta mais jovem e vigorosa.

– “Antes da sopa, molha-se a boca.”

Este provérbio aconselha a beber um pouco de vinho antes da refeição (sopa), o que pode estimular o apetite e preparar o paladar.

– “Ao meio da sopa, lava-se a boca.”

Significa que, no meio da refeição (sopa), é bom tomar um gole de vinho para refrescar a boca e continuar a apreciar o sabor da comida.

– “Sopa acabada, boca molhada.”

Indica que, após terminar a sopa, é habitual beber algo para finalizar a refeição e lavar o paladar.

– “Se queres andar bem disposto, bebe vinho, mas não mosto.”

Aconselha beber vinho para manter o bom humor e disposição, mas que se deve evitar o mosto (sumo de uva antes de fermentar) que é mais pesado e pode causar mal-estar.

– “Por cima de melão, vinho de tostão.”

Sugerindo que, depois de comer melão, se deve beber um vinho bom. Antigamente “vinho de tostão” significava um vinho bom e caro.

– “Por cima de pêras, vinho bebas e tanto bebas que nadem as pêras.”

Recomenda beber bastante vinho após comer peras, até ao ponto em que as peras “nadem” no vinho.

– “Ao figo água, à pêra vinho.”

Sugere que se deve beber água com figos e vinho com peras, provavelmente porque estas combinações são consideradas mais agradáveis ou benéficas.

– “Pão com olhos, queijo sem olhos e vinho que salte aos olhos.”

Significa que o pão deve ter buracos (boa fermentação), o queijo deve ser liso (sem buracos) e o vinho deve ser de uma qualidade que impressione.

– “Nem vinho sem Cristo nascer nem laranja sem Cristo morrer.”

Refere-se ao calendário agrícola: o novo vinho deve ser bebido após o nascimento de Cristo (Natal) e as laranjas colhidas depois da morte de Cristo (Páscoa).

– “Quem não gosta de vinho não gosta de Deus.”

Reflete a importância do vinho na cultura portuguesa, associando a apreciação do vinho à apreciação das boas coisas da vida, que são vistas como dádivas divinas. Também porque na Missa o vinho é transubstanciado no Sangue de Cristo.

– “Quem vai à adega e não bebe é ronda que perde.”

Significa que visitar a adega sem beber vinho é uma oportunidade perdida.

– “Alho e vinho puro levam a porto seguro.”

Indica que o alho e o vinho (sem nada misturado) são remédios tradicionais que podem ajudar a manter a saúde.

– “Alegrai-vos, tripas, que ai vem o vinho.”

Expressa a alegria de saber que o vinho está a caminho (vai ser consumido, bebido), o que vai trazer prazer e satisfação.

– “Nem Inverno sem capa nem Verão sem cabaça.”

Aconselha proteção adequada para cada estação: uma capa para proteger do frio no inverno, e uma cabaça (recipiente para líquidos) no verão.

– “Vinho e linho só são frios um bocadinho.”

Indica que tanto o vinho como o linho (roupa de linho) podem parecer frios no início, mas depois proporcionam conforto e prazer.

– “Maio frio e Junho quente: bom pão e vinho valente.”

Sugere que condições meteorológicas específicas (Maio frio e Junho quente) são ideais para a produção de bom pão e vinho.

– “Chuva pelo S. João (24 de junho) bebe o vinho e come o pão.”

Indica que chuva nesta data é benéfica para a colheita, especialmente para o vinho e o pão.

– “Pelo S. Tiago (25 de julho), pinta o bago.”

Indica que nesta data as uvas começam a amadurecer e a ganhar cor.

Esses provérbios não apenas refletem a relação dos portugueses com o vinho, mas também transmitem conhecimentos sobre práticas agrícolas, comportamentos sociais e tradições culturais que são parte integrante da identidade nacional.

Ao mesmo tempo, refletem a importância do vinho na cultura portuguesa, não só como bebida, mas também como símbolo de hospitalidade, amizade e prazer na vida quotidiana.

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