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Confeção tradicional dos Ovos Moles de Aveiro

Ovos Moles de Aveiro

“Os Ovos Moles de Aveiro foram o primeiro produto de doçaria português distinguido com a denominação de Indicação Geográfica Protegida (IGP) atribuída pela União Europeia.

Na obra coletiva e com contributos muito diversificados intitulada Ovos-Moles de Aveiro, da Confraria de São Gonçalo [Aveiro, s.d.], associa-se a origem desta iguaria ao mosteiro de Jesus de Aveiro (onde hoje funciona o Museu de Aveiro), fundado em 1458 por D. Brites Leitoa, senhora nobre, viúva de Diogo de Ataíde.

Detentora de uma Quinta em Ouca que produzia grandes quantidades de produtos alimentares como os cereais, vinho ou ovos, a fundadora recorreria a esses produtos como ajuda ao sustento das religiosas.

Segundo a mesma fonte, o Rei D. Manuel I, em 1502, concede 10 arrobas anuais de açúcar da ilha da Madeira ao convento para o fabrico de doces.

Na altura, o uso do açúcar era sobretudo terapêutico, uma vez que servia de remédio na convalescença de doentes.

A ocorrência da denominação “Ovos Moles de Aveiro” tem registo escrito no século XIX, na primeira publicação periódica portuguesa de temática culinária, Annona ou Mixto-curioso: folheto semanal que ensina o methodo de cosinha e copa, com um artigo de recreação (Lisboa, 1836-1837).

A receita

A receita continua a marcar presença em obras da primeira metade do séc. XX, como é o caso d’O cozinheiro prático (1912) e d’A cozinheira das cozinheiras (s.d.).

A receita é composta pela junção de gemas com uma calda de açúcar e o preparado envolvido em hóstia (moldada em formato de conchas, peixes e barricas) ou acondicionados em barricas de madeira ou de porcelana.

Estas são pintadas exteriormente com barcos moliceiros, salinas e outros motivos alusivos à ria de Aveiro.” (1)

Hoje em dia, os Ovos Moles de Aveiro são um dos doces mais famosos e apreciados de Portugal, sendo vendidos em diversas lojas de doçaria da região e também exportados para vários países.

Se alguma vez tiver a oportunidade de visitar Aveiro, não deixe de provar este doce tão especial e deliciar-se com uma verdadeira iguaria portuguesa.

Fonte: (1) “Saber ser – Saber fazer – O Património Cultural Imaterial da Região Centro”