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A tradição de reparar as redes de pesca artesanal

A reparação de redes de pesca artesanal é uma tradição antiga e enraizada nas comunidades piscatórias, transmitida de geração em geração.

Antes do avanço tecnológico e das redes industriais, os pescadores dependiam inteiramente do seu conhecimento e habilidade manual para manter as redes em boas condições. Esse processo, essencial para garantir o sustento da família, era muitas vezes realizado nas praias ou nos portos, onde os pescadores, sentados na areia ou junto aos barcos, remendavam pacientemente cada buraco deixado pelas capturas anteriores.

O trabalho é minucioso e exige experiência.

As mãos calejadas dos pescadores movem-se com uma precisão quase automática, fazendo nós e entrelaçando os fios de forma firme, para que as redes possam suportar as difíceis condições do mar.

As técnicas de reparação variam conforme o tipo de rede e a pesca, mas todas elas têm um propósito comum: prolongar a vida útil do material, economizando recursos e garantindo que as redes estejam prontas para a próxima jornada.

Para muitos, este processo é mais do que uma necessidade prática — é um símbolo de resiliência e uma manifestação do espírito de comunidade.

 

Para ler

O Pescador Poveiro – Subsídios etnográficos

Adágios e provérbios sobre a pesca e o pescador

 

As conversas entre os pescadores enquanto trabalham, as histórias partilhadas e o respeito pelos mais velhos tornam a reparação das redes um momento de convivência, onde a tradição vive e se reforça.

Hoje, mesmo com as mudanças da modernidade, esta prática ainda resiste em muitos lugares, sendo preservada como uma memória viva do trabalho árduo e da ligação profunda ao mar.

 

Pescador com barrete encarnado e a fumar, repara as redes de pesca artesanal
Pescador (Cliché de João Fernandes Tomaz) “Ilustração Portuguesa” nç972 – 19 de julho de 1920

 

Sobre a imagem

O pescador, de pele tisnada e de rosto marcado pelo sol e pelo sal do mar, está sentado na areia da praia, com o olhar concentrado nas suas mãos calejadas e na tarefa de consertar as suas redes de pesca.

Com paciência e experiência, ele entrelaça os fios, consertando os buracos com nós firmes e precisos, como quem conhece cada fibra do material.

A brisa marinha sopra suavemente, e o som das ondas serve de melodia para o seu trabalho solitário, mas necessário.

O fumo do seu cigarro sobe lentamente com a brisa suave do mar, misturando-se com o cheiro da maresia.

Os dedos, ásperos pelo trabalho árduo de anos no mar, movem-se com destreza e calma, remendando os buracos nas redes com paciência.

O barrete vermelho, desbotado pelo sol, é um sinal da sua longa vida ligada ao oceano, onde cada dia é uma batalha entre o homem e a natureza.

Com o olhar atento às redes e a mente talvez a navegar por histórias antigas, ele continua a trabalhar, indiferente ao som das ondas que rebentam suavemente à sua frente.

Cada nó apertado é mais do que um simples conserto — ele sabe que cada nó bem atado é uma promessa de sustento para o dia seguinte, uma esperança renovada a cada regresso ao mar, onde a pesca é o sustento e a tradição que ele carrega com orgulho.