Romaria e Peregrinação à Senhora do Faro
Romaria e Peregrinação à Senhora do faro
No dia 15 de Agosto de cada ano, Valença celebra a Assunção de Nossa Senhora, uma das mais emblemáticas festividades religiosas do Alto Minho, com a tradicional Romaria e Peregrinação à Senhora do Faro: a pé desde a cidade até ao alto do Monte do Faro, numa extensão de 7,5 Km.
Centenas ou mesmo milhares de peregrinos participam, anualmente, nesta secular peregrinação penitencial que tem o seu início na Igreja da Colegiada de Santo Estêvão, às 8h00, e termina na Capela do Faro, no topo do monte, por volta das 11h00.
Pelo percurso as povoações das freguesias de Valença, Ganfei e Gandra enfeitam o percurso com os tapetes e os mais diversos motivos florais.
Após chegada ao topo do Monte Faro, realiza-se a celebração eucarística, seguida do célebre piquenique.
Manda a tradição que no dia da romaria o farnel de Cabrito assado no forno a lenha é o rei de um mega piquenique, no Parque de Merendas do Monte do Faro. A festa prolonga-se, tarde dentro, com diversas animações.
Todos os anos, esta Romaria atrai milhares de devotos de Nossa Senhora da Assunção ao Parque do Monte do Faro.
Lenda da Senhora do Faro
Os Valencianos quando querem socorrer-se da padroeira celeste, lançam o seu olhar para um monte majestoso que os fascina pela beleza e pelo mistério. Lá no alto, olham o mundo pela paisagem sempre bela e fresca do rio Minho, serpenteando para o mar.
Mas se o monte, e a paisagem que desvela, inebria o olhar, o que mais atrai é o Santuário da Senhora do Faro. Ali colocaram a mãe de Deus os frades de Ganfei para abençoar a terra que está a seus pés e as águas que ali nascem em minas abundantes e puras, a que o povo pôs o nome de «minas dos frades».
Todo o Valenciano se orgulha da protecção da Senhora do Faro.
Acontece que um dia, um homem daqui, tendo ido para terras de África, ficou cativo dos Mouros.
No meio das paisagens agrestes e secas de África, e sujeito à escravatura mais vil, o homem desfalecia de dia para dia. Agrilhoado pelos pés, privado de todas as coisas e tendo de suplicar todos os dias por um pouco de água, desesperava aquele homem pela sua terra e pelas águas puras da mesma. Lembrava-se sobretudo da Senhora do Faro.
Uma noite, devotamente, encomendou-se à protecção da Senhora do Faro, suplicando para que o socorresse em transe tão difícil. E nestas orações adormeceu o pobre do homem.
O milagre
Uma brisa fresca e um barulho de água a correr, que lhe eram familiares, acordou-o.
Era manhã e os pés ainda se encontravam agrilhoados, mas o local já não era a África do seu sofrimento, mas um monte que logo reconheceu ser o Monte do Faro, a sua Terra!
Naquele momento o homem compreendeu que fora ouvido pela Virgem Mãe de Deus! Agradecido à Senhora de Faro, deixou, em memória do milagre que recebera, o grilhão que carregara nos pés pendurado na capela da sua salvadora.
Fonte: CAMPELO, Álvaro – Lendas do Vale do Minho Valença, Associação de Municípios do Vale do Minho, 2002, p.175 | Imagem de destaque