Fique a conhecer o Grupo Folclórico e Etnográfico da Vila de Brito
Quando foi fundado o Grupo e por quem?
O nosso grupo é, atualmente, o mais jovem integrado no concelho de Guimarães.
O primeiro ensaio realizou-se no dia 2 de novembro de 2018, e a nossa apresentação ao público ocorreu a 18 de maio de 2019, num evento apadrinhado pelo ilustre Grupo Folclórico de S. Torcato.
Este projeto nasceu da vontade de um grupo de amigos, movidos pelo desejo de preservar e valorizar os costumes e tradições das comunidades do Baixo Minho, representando a época dos finais do século XIX e o início do século XX.
Apesar da nossa curta idade, desde a apresentação pública que nunca mais parámos. Já percorremos diversas regiões de Portugal, deixando sempre o melhor de nós e trazendo sempre um pouco de cada terra nos nossos corações.
Quais os objetivos que queriam atingir com a criação do Grupo?
Com a criação do Grupo Folclórico e Etnográfico da Vila de Brito, tínhamos como principais objetivos a preservação e promoção das tradições locais, resgatando, mantendo e divulgando as danças, músicas, trajes e costumes típicos da nossa região, de forma a valorizar o Folclore como património cultural imaterial. Queríamos, também, sensibilizar as novas gerações para a importância de preservar as suas raízes culturais, criando um elo entre o passado e o presente.
Outro dos nossos propósitos era fomentar o espírito comunitário, reunindo pessoas com os mesmos interesses e fortalecendo os laços sociais. Acreditávamos na importância de colaborar com outras associações culturais e Grupos Folclóricos, promovendo o intercâmbio cultural e aprendendo uns com os outros.
Pretendíamos, ainda, representar a cultura da nossa terra, levando o nome da Vila de Brito a eventos locais, nacionais e, quem sabe um dia, internacionais, orgulhando-nos de mostrar a riqueza das nossas tradições. Queríamos, também, criar momentos de lazer e convivência, proporcionando aos membros do grupo e à comunidade momentos de diversão, enquanto mantínhamos acesa a chama da nossa cultura.
Que região etno-folclórica pretende representar? Principais características?
A região representada pelo nosso grupo, como já mencionado anteriormente, é o Baixo Minho no período correspondente aos finais do século XIX e inícios do século XX.
Nessa época, o Baixo Minho caracterizava-se por ser uma região predominantemente rural, marcada por uma forte ligação à agricultura, especialmente ao cultivo do milho e da vinha. As comunidades viviam essencialmente do trabalho nos campos, com as mulheres a desempenhar um papel central nas atividades agrícolas e no cuidado do lar, enquanto os homens se dedicavam, muitas vezes, à lavoura e à criação de gado.
As festividades religiosas e populares desempenhavam um papel importante no quotidiano das pessoas, reforçando o sentimento de pertença e união comunitária. As romarias, em especial, eram momentos de celebração, em que a música, a dança e os trajes típicos assumiam grande destaque. As danças tradicionais, como o vira, o malhão e a chula, refletiam a alegria e a energia das gentes do Baixo Minho, acompanhadas sempre por instrumentos como concertinas, cavaquinhos e ferrinhos.
Com a nossa nobre representação, procuramos captar a essência desta época e região, preservando as suas tradições e transmitindo a riqueza cultural do Baixo Minho às gerações futuras. Deixámos aqui um enorme agradecimento e menção ao Sr. José Silva, criador da página Só Folclore, que acompanha inúmeras vezes o nosso Grupo e partilha a nossa cultura com milhares de pessoas, levando-nos cada vez mais longe.
Que trajes apresentam?
Os trajes apresentados pelo nosso grupo incluem, maioritariamente, os trajes de trabalho, de feira, domingueiro, de luxo, de noivos e de crianças, cada um refletindo as vivências e o quotidiano do Baixo Minho.
Os trajes de trabalho destacam-se pela sua simplicidade e funcionalidade, confecionados em tecidos resistentes como o linho, adequados às exigências das tarefas agrícolas e domésticas. Os trajes de feira eram usados para as deslocações aos mercados, sendo práticos, mas com alguns adornos que denotavam o cuidado em ocasiões sociais.
O traje domingueiro era reservado para ocasiões especiais, como a missa ou romarias e domingos, apresentando uma maior elegância, mas ainda sem o requinte dos trajes de luxo. Já os trajes de luxo eram ricamente decorados, com casacas e tecidos de qualidade superior.
O traje de noivos simbolizava a união e o compromisso, sendo composto por peças de grande detalhe e beleza, com a noiva a usar diversas joias típicas, como cordões de ouro, enquanto o noivo vestia um traje elegante e sóbrio.
Por fim, os trajes de crianças refletiam as tradições dos adultos, mas com adaptações ao tamanho e à idade, mantendo a autenticidade e o simbolismo cultural.
Estes trajes são um testemunho da riqueza e diversidade cultural da nossa região, que o nosso grupo se esforça diariamente por preservar e valorizar.
Quais as principais atividades realizadas desde a fundação?
Para além das nossas inúmeras participações em romarias de várias regiões e em diversos Festivais de Folclore, realizados em regime de permuta, o nosso Grupo teve a honra de organizar a sua própria apresentação pública, iniciada com uma Eucaristia presidida pelo Sr. Padre Fernando, pároco da nossa Vila. Este evento decorreu no Parque de Lazer da Vila de Brito e contou com a presença e apoio da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal.
Destacamo-nos, também, pela nossa participação, ao longo de vários anos, no Festival de Artes de Palco Vivências. Neste festival, além da atuação, apresentamos uma barraquinha em estilo antigo, onde vendemos legumes e artigos da época, promovendo os produtos da nossa terra. Participámos, igualmente, no 1º Festival de Caldos, Sopas e Papas, contribuindo para a valorização da gastronomia tradicional da região.
Um marco particularmente importante na nossa história ocorreu em 2019, no nosso primeiro ano de existência, quando o nosso Grupo decidiu organizar a festa da freguesia em honra de São João Batista. Este evento, que se encontrava comprometido devido à falta de juiz e mordomos, foi assumido por nós com enorme dedicação, de forma a garantir a preservação desta importante tradição festiva e católica.
Estamos imensamente orgulhosos de tudo o que conseguimos até ao momento, mesmo enfrentando momentos de grande dificuldade que testaram a nossa determinação. Logo após a fundação, o Grupo teve de lidar com o impacto da pandemia de Covid-19, que surgiu inesperadamente e interrompeu a nossa atividade por vários meses.
Apesar deste desafio, nunca pensamos em desistir. Pelo contrário, foi uma oportunidade para refletirmos, reorganizarmo-nos e encontrar novas formas de manter viva a nossa ligação à tradição e à cultura, preparando-nos para retomar as nossas atividades com ainda mais força e dedicação. Esses tempos difíceis só fortaleceram a nossa união e a nossa vontade de continuar a celebrar o folclore e as tradições da nossa região.
Que projetos têm a curto e a médio prazo?
A curto prazo, o nosso Grupo pretende organizar, em junho de 2025, o seu 1.º Festival Nacional de Folclore na Vila de Brito. Este evento contará com a participação de quatro ilustres grupos convidados, que trarão à nossa freguesia uma noite dedicada à celebração e valorização da cultura e das tradições folclóricas. Este será um marco muito importante no nosso percurso e um momento de grande união comunitária.
Além disso, estamos atualmente a tratar da nossa inscrição e admissão na Associação de Folclore e Etnografia de Guimarães, uma entidade sem fins lucrativos que tem como principal objetivo promover ações de formação e eventos educativos, como colóquios, palestras, conferências e seminários sobre temas relacionados ao Folclore Regional. Esta associação também se dedica à preservação e autenticidade do Folclore do concelho de Guimarães, na região do Baixo Minho e Ave, valores com os quais nos identificamos profundamente.
A médio prazo, aspiramos ser membros da Federação do Folclore Português, um reconhecimento que nos deixaria extremamente felizes e orgulhosos. Temos plena confiança de que, mesmo sendo um grupo muito jovem, já reunimos as condições necessárias para alcançar esta meta, dado o nosso compromisso com a autenticidade e a valorização da cultura tradicional.
Outro dos nossos objetivos é encontrar e criar uma sede para o Grupo, onde possamos exibir os prémios, lembranças e fitas recebidas nos diversos Festivais e Romarias em que passamos, bem como trajes tradicionais de exposição e elementos que contem a história da nossa região e dos nossos costumes, como por exemplo, a Cantarinha, lenços dos namorados… Este espaço seria um ponto de referência para quem desejar visitar e conhecer mais sobre a nossa cultura.
Dependendo das condições do local, a sede poderia também ser utilizada para os ensaios semanais do nosso Grupo. Além disso, com a concretização deste projeto, planeamos organizar, uma ou duas vezes por ano, palestras ou workshops na sede, abordando os costumes e tradições da nossa região, contribuindo assim para a sua preservação e transmissão às novas gerações.
Entre os nossos projetos futuros, destaca-se ainda o desejo de levar o nosso grupo e a riqueza da nossa cultura além-fronteiras, representando a Vila de Brito em eventos internacionais e promovendo as tradições do Baixo Minho junto de novos públicos.
Uma mensagem para os Folcloristas que visitam o Portal do Folclore Português
Caros Folcloristas,
É com grande orgulho e entusiasmo que nos dirigimos a todos vocês, amantes da cultura e defensores das nossas tradições.
Vivemos tempos em que o avanço das novas tecnologias e a globalização nos desafiam a preservar e valorizar as nossas raízes de forma mais consciente e dedicada. Porém, é justamente nesses momentos de mudança que devemos olhar para o passado e lembrar a importância daquilo que nos foi legado.
Cada passo que damos na preservação das tradições, cada dança que executamos, cada traje que vestimos e cada canção que cantamos é uma homenagem àqueles que, com tanto esforço e dedicação, mantiveram vivos os costumes e a cultura que hoje carregamos diariamente com tanto orgulho. Eles foram os guardiões de uma herança que nos define, que nos conecta à nossa terra, às nossas histórias e à nossa identidade. Tudo o que somos, o que sentimos e o que representamos deve-se a essa ligação profunda com o passado. É nosso dever honrar essa memória e garantir que as futuras gerações também possam conhecer e vivenciar as tradições que marcaram, em tempos, o nosso povo.
Nunca devemos permitir que o espírito da tradição se apague. A chama que os nossos antepassados acenderam continuará sempre a brilhar dentro de cada um de nós. Somos a ponte entre o passado e o futuro, e é através de nós que as nossas raízes irão continuar a florescer. Que possamos sempre ser fiéis à autenticidade e ao respeito pelas tradições, mas também ser inovadores, criando formas de envolver as gerações mais jovens e de garantir que as nossas práticas não só sobreviverão, mas florescerão por muitos anos.
A cada evento, a cada atuação, a cada ensaio, lembremo-nos de que estamos a preservar uma parte fundamental da nossa identidade. Somos os herdeiros dessa grande história, e o nosso trabalho tem o poder de manter viva a chama da tradição para todos aqueles que vierem depois de nós. O Folclore é um presente que devemos transmitir e oferecer com muito orgulho, responsabilidade e paixão.
Que o espírito da nossa cultura nunca se apague e que, juntos, continuemos a ser também os guardiões dessa rica herança que nos define, que nos une e que nos faz sentir, verdadeiramente, parte de uma história maior do que nós próprios.
Com gratidão e esperança, que possamos sempre continuar a dançar, cantar e celebrar as nossas tradições, mantendo vivas as memórias e o legado dos nossos antepassados!
Um bem haja!
Com amor,
Grupo Folclórico e Etnográfico da Vila de Brito