A “Festa dos compadres” – tradição do Carnaval em Santana
Festa dos Compadres
No concelho de Santana prevalece uma das tradições mais peculiares da cultura popular madeirense. A tradicional “Festa dos compadres”, evento que dá início ao ciclo de Carnaval na Madeira com a tradição da quinta-feira das comadres e da quinta-feira dos compadres.
Nesta festa de compadres está bem patente a ironia e o sarcasmo e muita crítica social.
Antigamente, o povo apurava as críticas,
– quer aos altos mandatários da sociedade local,
– quer os próprios vizinhos,
os “compadres”, sendo tudo preparado em segredo para se verificar o efeito surpresa.
Havia uma “guerra dos sexos”, pois a rivalidade entre homens e mulheres levava uns e outros a caprichar na amostragem do melhor conjunto, comadres ou compadres:
– quem tem mais piada,
– quem retratava mais fielmente as figuras sociais que eram vítimas da crítica do povo.
Esta ironia e sarcasmo continua bem patente nos versos e bonecos que se encontram espalhados pelo centro da cidade e deverá vir ao de cima na “sentença dos compadres”, na tarde de domingo.
Quinta-feira das comadres
Recorde-se que na quinta-feira das comadres, estas reuniam em segredo e escolhiam o compadre sobre o qual ia recair a sua vingança.
Tratavam de confeccionar um boneco de trapos ou de palha, o mais parecido possível com a vítima, que aparecia pendurado pelo pescoço numa árvore ou afogado, para chacota de todos, que era assim, ridicularizado na praça pública.
À noite queimavam o compadre sob o olhar atento e à distância dos compadres.
A rivalidade fazia-se sentir, pois se o tempo não estava de feição logo os compadres regozijavam, sendo que o inverso também se verificava.
Na quinta-feira seguinte, dia dos compadres, um juiz vestido a rigor ditava a sentença da comadre, com base nos crimes por ela cometidos e que poderiam ser desde o simples facto de ser “bilhardeira” ou usar mini-saia, ou ainda de defender a igualdade de direitos entre ambos os sexos.
Por vezes a festa prolongava-se nas semanas seguintes, uma vez que as réplicas de um lado e de outro eram tão habituais.
Compadres e Comadres
No início da década de setenta, os compadres e as comadres passaram a juntar-se, constituindo um cortejo alegórico que percorria as principais ruas de Santana.
Esta junção, de ano para ano foi atraindo gente de outras paragens da Ilha, tornando-se um dos principais cartazes do concelho de Santana.
A abrir o cortejo vem normalmente a comadre gigante, acompanhada do compadre anão, que no final da festa, são ambos queimados.
Fonte: Texto (adaptado) e imagem retirados de site desativado