Do alto da guarita | Textos e opiniões
O que é/deve ser, então um “grupo de folclore”?
Digamos que um “museu vivo” dos tempos de antigamente, quando as comunidades eram a expressão do tradicional. E para o efeito tudo o que se necessita se vai buscar ao folclore.
Sem que haja uma data certa para todas as regiões, penso eu que o folclore deixou de evoluir como tal entre finais do século XIX, início do século XX, indo até mais ou menos aos anos 20/30 – conforme a chegada do progresso.
Escolhido então o período que se pretende abranger, as primeiras questões que se nos colocam é saber como vestiam, o que cantavam, o que bailavam e como o faziam – o que depois vai estar interligado com muitas outras questões.
Mas atenção que o “Folclore” não é apenas o trajo, o “cantar” e o “bailar”, mas todas as vivências do povo nesse tempo.
Trajos
Há que saber o que vestiam, tanto o homem como a mulher, de semana e ao domingo, festas e romarias, casamentos, no trabalho, nas diversas circunstâncias. O que tem a ver como o modelo da peça e o respectivo tecido.
Cantigas
A letra e a melodia, que hoje é possível gravar e passar a “pauta” para que se mantenha sem alterações.
Modas/Peças
Ver qual a coreografia que se usava.
Nota final
Tem que haver rigor. Claro que as recolhas não nos dão o “puro” ou o “genuíno” como alguns afirmam. Mas no “mais representativo possível”, não pode haver qualquer alteração, só porque fica mais bonito, só porque o ensaiador assim entende.
Como compreenderão, não podemos aqui entrar no pormenor.
Quanto aos trajos que vão ou estão a usar, há quem escolha, por exemplo, só o domingueiro. Claro que respeito a ideia, porque quem manda no grupo é o próprio grupo, mas eu considero que deve haver a maior variedade possível de trajos, pois só assim ali estará a imagem do povo.
Como nota final, quero referir que apenas tenho apontado caminhos porque cada terra com seu uso cada roca com seu fuso e a nossa “identidade” afirma-se principalmente pelas diferenças.
Lino Mendes | Imagem