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Confeção do Bordado de Castelo Branco

Bordado de Castelo Branco

O bordado de Castelo Branco apresenta características que o tornam uma produção artesanal singular, fruto de materiais, sensibilidades e saberes enraizados no território.

Carateriza-se por uma gramática visual própria, com pontos, motivos, cores e formas que permitem facilmente reconhecer as suas peças como albicastrenses.

Acredita-se que o século XVIII foi o seu período mais fecundo de produção, a que se seguiu uma fase de decadência.

Foi redescoberto no primeiro quartel do século XX, pelas mãos de Maria da Piedade Mendes, que tomou como modelo para os bordados que teceu ao longo da vida um conjunto de colchas de linho bordadas a seda, encontrado em arcas herdadas pela sua família.

Em 1929, os “bordados albicastrenses” foram pela primeira vez reconhecidos e designados como tal, na tese Rendas e Bordados das Beiras, da autoria de Maria Júlia Antunes.

Aspetos particulares do bordado de Castelo Branco

São vários os aspetos que o particularizam no panorama da produção têxtil portuguesa.

Os pontos são dados com fios de seda sobre uma base de linho cru, hoje, raramente, em tela de seda.

A Beira foi, historicamente, uma região de cultivo do linho e, após os Descobrimentos, aí se implantou a amoreira para criação do bicho-da-seda, cuja manufatura foi levada a grande escala no séc. XVIII pelo Marquês de Pombal.

Entre os vários pontos empregados, encontra-se um ponto frouxo, largo ou laçado que recebeu o nome de “ponto de Castelo Branco”.

Possui um repertório decorativo de traços orientalizantes, de rica simbologia, a saber: flores (como cravos, rosas, lírios, crisântemos e lótus); frutos (como a romã); pássaros, figuras humanas e outros elementos, como corações, conchas e laços.

Destaca-se, ainda, a presença recorrente do motivo da Árvore da Vida.

Na paleta de cores, veem-se principalmente vermelhos, laranjas e verdes, numa ampla gama de tons, além de castanhos, negro e branco.

Confeção do Bordado de Castelo Branco

Fonte: “Saber ser – saber fazer – O património cultural imaterial da região centro”