A Festa Vindimária no Coliseu dos Recreios em 1937
A Festa Vindimária
Em louvor da vinha e do vinho foi organizada a Festa Vindimária que a chuva impediu de ter maior realce.
As harmonias do nosso folclore foram, a bem dizer, ouvidas apenas pelos espectadores do Coliseu dos Recreios. E foi pena.
Se o Cortejo Folclórico tivesse atravessado, em toda a sua imponência, as ruas de Lisboa, conseguiria um júri mais amplo.
Depois, a luz do sol não dá margem aos efeitos enganosos dos arcos voltaicos duma grande casa de espectáculos.
O 1º prémio foi conferido ao Rancho do Douro [Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros] e o 2º ao de Alenquer.
Mas o Rancho de Colares, que todo o público aplaudiu delirantemente pelo brilho com que dançou? Esse obteve o «Prémio do Ministério do Comércio».
E o Rancho do Cartaxo, que tanto primou na sua indumentária rigorosa e castiça? Esse conseguiu o «Prémio Santos Lima», que sempre foi uma consolação.
E assim terminou a Festa Vindimária que a chuva impertinente… e outros contratempos mais impertinentes, ainda tanto e tanto prejudicaram. (1)
O Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros recebeu o Cacho Dourado

“Fundado em 1935, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros tem as suas origens e tradições no legado dos marinheiros do Douro e dos jornaleiros que em terra saibraram as serras para fazer crescer a vinha.
As danças e cantares que o grupo folclórico que representa a aldeia apresenta, ilustram os rituais de fé da partida dos marinheiros nos barcos Rabelo, mas também a festa e alegria da aldeia aquando do seu regresso.
Não esquecendo as tradições agrícolas da jorna vinhateira, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros perpetua no seu reportório estes trabalhos, com natural destaque para a época das vindimas, temporada que ainda hoje faz a aldeia concentrar-se durante cerca de um mês na exclusiva tarefa de recolher as uvas produto de um ano agrícola de intenso labor.
A riqueza das rimas e dos dizeres, a originalidade rítmica da coordenação dos pares e o carácter único das coreografias deste rancho, têm vindo a entusiasmar a pesquisa e recolha antropológica e etnográfica de muitos especialistas.” (2)




Fontes: (1) “Ilustração” nº285 – 1937 (texto editado e adaptado + imagens) | (2) RFCPBD

