Trajes

Trajos de Entre Douro e Minho – Vila Nova das Infantas

Traje característico das mulheres de Vila Nova das Infantas nos arredores de Guimarães

Traje de andar a cotio ou dos dias da semana

As mulheres têm duas espécies de trajo: o de andar a cotio ou dos dias de semana e o dos Domingos.

O trajo de andar a cotio ainda varia conforme se está no Verão ou no Inverno

No Verão é extremamente simples: camisa de tomentos encabeçada de linho ou estopa fina de meia manga rematada por entremeio e renda de croché, cingida ao corpo pelo original colete de rabos, profusamente guarnecido de fitas de cor, franzidas, ao sabor da fantasia da possuidora.

Este colete é extremamente elegante: nas costas não tem mais de um decímetro de largura, e pelas cavas, fundas, aparecem as ombreiras da camisa, com pregas bordadas a algodão vermelho.

Este colete, muito curto de cinta, termina por seis rabos, dois largos à frente, dois menos largos atrás e entre estes, outros dois estreitos, talvez de um centímetro.

As saias brancas de farta roda são geralmente de pano-cru e por sobre três ou quatro destas saias cai uma outra de riscado, chita ou de um tecido misto (linho de lã) de cor escura.

Um avental grande, também dos mesmos tecidos, cobre a saia até quase à fímbria.

Um lenço de chita, com ramagens, que lhe envolve o busto, cruzado no peito, e um outro apertado no alto da cabeça completam o vestuário usado todos os dias.

Os pés, quase sempre nus, ou, quando muito, dentro de uns socos grosseiros e já concertados (socos tachados).

No Inverno, algumas das saias brancas são substituídas por um saiote vermelho, e por sobre o colete e o lenço de chita usam um casaco redondo, que apenas chega à cintura.

Trajo de Domingo

O trajo de Domingo pode ser igual, mas com maior riqueza, isto é, a camisa toda de linho e bordada nas mangas, o colete de veludo, as saias de fazenda, os aventais de veludo bordado a vidrilhos (mendrilhos, segundo elas), os socos de verniz e forrados, ou então chinelas e meia branca.

Os lenços são: de seda, o da cabeça; um cachené, o do peito.

Às vezes acrescentam a isto o tal casaco redondo, de fazenda leve, com pele a debruá-lo.

Completa o vestuário domingueiro um lenço de bolso, de linho, com entremeio e renda bastante larga, todo bordado a vermelho.

O assunto desse bordado é quase sempre amoroso: uma pomba com uma carta no bico, dois corações juntos engrinaldados de flores, etc., e sempre com uma quadra.

De uma delas me lembro eu:

Nos nossos corações unidos
Brotam sempre lindas flores;
No teu brotam malmequeres;
No meu perfeitos amores.

Extractos de um estudo intitulado “Traje característico das mulheres de Vila Nova das Infantas nos arredores de Guimarães” feito por Beatriz Aurora Maria de Almeida, estudante da Faculdade de Letras de Lisboa, datado de 10.07.1916.

Lavradeiras negociando a troco de dez rezinhos para a santa da sua invocação o seu grande ramo de flores (Na romaria de São Tiago – Guimarães)

Fonte: “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos | Imagem (meramente ilustrativa): Lavradeiras minhotas na Romaria de São Tiago – Guimarães (“Ilustração Portuguesa” – 1913)