Trajes

Trajos tradicionais: o lenço da cabeça

Lenço da cabeça

Minho

À lavradeira, atado no alto da cabeça (Viana do Castelo);

as mulheres do Baixo Minho usam geralmente na cabeça lenço de cor: amarelo ou vermelho;

os tamancos, a capa escura e o lenço amarelo constituem um trajo característico.

Num adjunto é curioso observar a abundância de colorido, que ressalta de toda a parte (1).

Em Paredes do Monte (Melgaço) chamam a este lenço amarelo ou vermelho lenço de quespoço (2), geralmente traçado no peito.

Notas:

(1) Também quem vem do Sul é impressionado no Minho pelo barulho dos tamancos, na rua, pois quase toda a gente anda assim calçada. (Apontamento de 1894).

(2) Há também o lenço da mão ou lenço de assoar, que às vezes serve também de enfeite:

Estes rapazes de agora
Todos quer andar na moda:
Traz um lencinho no bolso
Com as pontinhas de fora.

Trás-os-Montes

Escuro, usado pelas mulheres de Vila Pouca de Aguiar;

na cabeça e que envolve depois o pescoço (Mourilhe, Barroso);

bordado a cores no bolso da jaleca e com diferentes palavras: «amor», «não me esqueças», «soidades», etc. (usado pelos pimpões da Lombada).

Beira

De cor (amarelo, vermelho), em Tocha, perto da Figueira;

de cor, pelas tricanas de Coimbra;

com a ponta escondida pelo xaile (Albergaria-a-Velha);

de seda, usado por uma noiva, à volta de 1880, na Rapa;

por baixo do chapéu usam-no as peixeiras da Figueira;

as mulheres de Aveiro, que usam xaile e lenço, trazem a ponta do lenço invariavelmente por dentro do xaile: é típico.

No Fratel, Beira Baixa, usam o lenço como as mulheres de Quadrazais, quando vão lavar a roupa; atado para trás, as mulheres de idade, quando saem à missa ou a enterros;

com um nó atrás e outro à frente, as raparigas novas, na monda;

à maneira arraiana, quando trabalham no campo ou amassam.

 

Lenços no Sabugal, Belmonte e Carvalhal Formoso, Rebelhes, etc. 1 e 1-A – Lenço à Quadrazenha (de Quadrazais) 4 e 4-A – Para a “sacha” (1 nós atrás e outro à frente) 2 e 2-A – A tudo para trás 5 e 5-A – À arraiana 3 e 3-A – Atado à velha, ou para a Igreja, 1 nó 6, 6-A e 6-B – Lenço de Entrudo 3-B – O mesmo, com 2 nós

 

Estremadura

As mulheres de Torres Novas (1918) usam-no com a ponta caída sobre o xaile;

as mulheres do campo, de Leiria, usam-no de cor ou preto, sob o chapelinho com as pontas para as costas, e, quando transportam carretos, levam-no sobre uma rodilha, prendendo as pontas, que caem sobre as costas, passando o lenço em volta do pescoço.

Alentejo

De seda, para senhoras que vão à missa (e só para isso, não para visitas), à volta de 1860, em Mértola;

por debaixo do chapéu de lã, pelas mulheres do campo, em 1916, no Alandroal;

atado à amassadeira, isto é, em volta da cabeça atado adiante, com a ponta caída sobre o ombro, e usam-no sempre assim quando amassam o pão (e daí o nome), embora o ponham normalmente deste modo (as mulheres de Campo Maior e do Alandroal);

atado na cabeça, caídas as pontas para trás, quando trabalham no campo, sob o chapéu (Nisa e Tolosa, 1920);

de seda ou de chita, traçado sobre a roupinha e sobre o peito.

Algarve

Da cabeça, usado sob o chapéu (Tavira, 1894); Portimão, Monchique); apertado sob o queixo (Faro, Algoz, etc.); com ele se faz o minhoco ou bioco (Portimão).

Madeira

Usado por baixo da carapuça.

Açores

Usado pelas mulheres sob o chapéu (Pico);

atado sob o queixo e ponta caída nas costas (Horta, Furnas).

Fonte: “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos