O Traje à Vianesa – enquadramento cultural
O Traje à Vianesa é considerado um ícone da cidade de Viana do Castelo.
Há 150 anos. e segundo consta no Caderno de Especificações para a Certificação, as raparigas endinheiradas das aldeias dos arredores de Viana usavam o traje quando havia alguma festa ou para se deslocarem à cidade para vender produtos que produziam em casa.
Nesta época, o traje correspondia ao vestuário mais rico e vistoso que possuíam.
Após a instabilidade vivida devido às Invasões Francesas (1808 – 1810) e à Guerra Civil (1828 – 1834), durante as décadas seguintes existiu um maior progresso económico.
Por conseguinte, o Traje à Vianesa foi adquirindo uma maior riqueza e importância.
Com o passar dos anos, o Traje à Vianesa foi considerado um símbolo, não só de Viana do Castelo, mas também nacional. Esta importância fez com que o Traje à Vianesa aparecesse representado em revistas, postais, calendários e em publicidade a variados produtos.
Existem várias provas da simbologia do Traje, uma delas é a imagem da ama de D. Manuel II, do ano de l890, na qual enverga um Traje à Vianesa.
Anos mais tarde, também as senhoras de condição social elevada fizeram uso do traje em diversas ocasiões, tendo mesmo sido fotografadas com ele.
Entre o final do século XIX e a primeira década do século XX, o uso do Traje à Vianesa propaga-se um pouco por todo o país. Contrariamente, a nível local, as pessoas que utilizavam o traje como vestuário do quotidiano, tenderam a abandoná-lo.
Os anos da I Guerra Mundial (1914 – 1918), foram o ponto chave do Traje à Vianesa.
Alguns vianenses da época, como Abel Viana e Manuel Couto Viana, chamaram a atenção para o uso inadequado do traje em variadas ocasiões, tais como o carnaval, e para o risco do desaparecimento do mesmo.
Para ler: Vendedora do mercado semanal de Viana do Castelo
Assim, com o objetivo de promover o uso do Traje à Vianesa e também o de promover a utilização tradicional do mesmo, em 1919 Abel Viana e Rodrigo V. Costa, organizaram o primeiro Certame Regional de Danças e Descantes.
Segundo Manuel Couto Viana, o incentivo à utilização do traje nos anos seguintes não parou. As freguesias também apoiaram, enviando raparigas trajadas nas paradas e concursos.
Em 1926 começaram a surgir os primeiros grupos folclóricos. Afonso do Paço e Cláudio Basto foram dois nomes importantes no estudo do traje.
Através das suas pesquisas e publicações ambos contribuíram para o estudo das características definidoras do traje.
Para ler: Traje à Vianesa é Património de Interesse Municipal
Foi também referido no Caderno de Especificações para a Certificação que a cidade de Viana do Castelo se apropriou do traje das freguesias vizinhas. No entanto, esta apropriação permitiu promover o uso do traje e defender as suas características.
Os grupos folclóricos que foram surgindo, tentaram uma representação mais identitária, através das suas pesquisas para “fundamentarem e reproduzirem” a tradição do traje.
Aliás, segundo o Caderno para a Certificação, nos anos 30 do século XX, o traje passou por um processo de definição e estabilização.
No entanto, o Traje à Vianesa, continuou a evoluir.
Fonte: “Traje à Vianesa – produto certificado” (texto editado)