Traje feminino de festa – Noiva do Minho
O traje de mordoma, rapariga escolhida pela aldeia como patrona e organizadora das festas do ano, passou a ser eleito como indumentária de noiva, acrescentando-lhe o véu e o ramo. O corpete remete para a casaquinha do traje erudito de 1780, pois a aba ligeiramente ondulada lembra os tempos da primeira tournure.
Por outro lado, as pinças da frente e das costas e o corte cintado deste corpete indicam-nos as alterações que esta peça sofreu no período romântico, adelgaçando a figura.
O comprimento da manga é de origem setecentista, pois termina acima do punho, assim como os botões de metal prateado.
A saia apresenta um cós plissado fixo que tem como função acentuar e ajustar a linha da cintura.
A roda sai livre e abundante desse cós, atingindo um perímetro três vezes superior à medida da cinta.
A larga barra bordada da saia é composta por um desenho enrolado de carácter naturalista.
O avental também franzido termina em idêntica barra bordada.
A coroa e as armas reais marcam centro da composição que se desfolha em serpenteados de gosto barroco na profusão dos brilhos das missangas.
Para ler: Traje masculino de festa – Noivo do Minho
A figura que se desprende desta veste constitui pela severidade, cor negra ou azul-escura, a representação de uma donzela, vocacionada para o matriarcado dominante na sociedade minhota.
Esta mulher de saber e de haveres completa a sua imagem com múltiplos e variados adornos de ouro. Estes atavios reforçam o fascínio da minhota que ostenta com orgulho a sua capacidade económica. MBT

Casaquinha
Tecido (cetim) de lã preta lavrado com fio de seda da mesma cor formando motivos geométricos, tecido (cetim) de seda preta, renda de bilros executada com fio de algodão branco, fita de tecido (cetim) de seda preta bordada com missangas, antracite e galões de fio de seda da mesma cor.
Casaquinha com aba, decorada com folho plissado de tecido de seda, galões e missangas.
Decote redondo, aperta na frente com botões de metal prateado; manga comprida decorada no punho com fita de seda e galões.
Costas com corte redingote.
Decote e punhos guarnecidos com renda de bilros.
Forro: Riscado (tafetá) de algodão de tons policromos.
Alt. 460 mm; larg. omb. 340 mm; mga. 530 mm
Saia
Tecido (tafetá) de lã, tecido (veludo) de algodão, pretos, fita (cetim) de seda da mesma cor
com aplicações de missangas antracite e fita de lã preta.
Saia comprida e rodada; cintura pregueada com pequena abertura lateral, rematada com fita de lã.
Barra aplicada de veludo bordado com missangas, formando «silva», barra e orla da saia guarnecidas com rouche de fita de cetim bordada.
Forro: Riscado (tafetá) de algodão de tons policromos e renda mecânica de fibra artificial branca, na barra.
Alt. 910 mm; cint. 640 mm
Avental
Tecido (veludo) de algodão preto bordado com missangas antracite representando o Escudo Português, um coração e «silvas», folho pregueado de tecido (cetim) de seda preta e galão de seda da mesma cor com aplicação de missangas.
Cós de tecido de algodão com pontas para apertar nas costas; avental franzido, guarnecido na
extremidade com galão e folho.
Alt. 760 mm; larg. 1000 mm

Algibeira
Tecido (Pequim) de algodão e tecido (veludo) de algodão, pretos, bordados com missangas antracite formando a inscrição «AMOR» e «silvas».
Algibeira recortada e bordada; no centro, abertura de forma triangular com pala. Prende com fitas de lã preta.
Forro: Tafetá de algodão preto estampado, formando listras brancas.
Alt. 295 mm; larg. 205 mm
Véu
De forma quadrangular de tule mecânico branco com bordado executado com fio de algodão da mesma cor, formando motivos florais e vegetalistas.
890×890 mm
Meias
(Reconstituição).
Chinelas (par)
Tela preta bordada com fio de algodão branco, formando motivos florais, vegetalistas e geométricos.
Biqueira pontiaguda; salto forrado da mesma tela e sola de couro.
Comp. pé 245 mm; alt. salto 40 mm
Lenço de Namorado
Cambraia de algodão branco com bordado manual executado com fio de algodão da mesma cor a pontos cheio, cordão, pé-de-flor, crivo, ilhós e recorte, e bordado com fios de algodão vermelho e azul a ponto de cruz.
Lenço de forma quadrangular com barra formando motivos florais e vegetalistas.
No centro bordado representando figuras femininas. Motivos de simbologia amorosa com monograma «FMIC», legenda «AMOR NOS UNIO», enquadrados por motivos florais e vegetalistas.
Nos cantos, albarrada bordada, ladeada pelos versos:
Cada vez nosso laço
Mais aperta o doce nó,
Pois iguaes em sentimentos
Nós ambos somos hum só.
Ambos juramos firmeza
Em nossa ditoza união;
Morrer juntos sim,
Mais deixar de amar não
Unão-se as nossas vontades
Como também nossa mão,
Unão-se a minha à tua alma
Teu ao meu coração.
O céu benigno porteje
Hum e outro coração,
O amor nobre e virtuozo
Tem por coroa a união.
750×750 mm
Bouquet (Ramo de Noiva)
Flores de cera branca, montadas sobre um suporte de tule de fibra artificial branca, papel prateado recortado e renda de bilros executada com fio de algodão branco a pontos de pano, malha de 4 furos, ovais e contornos, formando motivos florais e geométricos (renda de Vila do Conde).
Alt. 240 mm
Fonte: “Trajes Míticos da Cultura Regional Portuguesa” – Museu Nacional do Traje – Lisboa Capital Europeia da Cultura 94 (texto editado e adaptado)

