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Vira da Nazaré | Danças Populares Portuguesas

Vira da Nazaré

Não vás ao mar toino“.

Este é um dos versos mais populares do vira da Nazaré. Como não poderia deixar de ser, em terra de pescadores, o mar é quem mais ordena.

Põe e dispõe da vida das gentes. É dele que depende o seu dia-a-dia. É ele que lhes dá o pão, as alegrias e as angustias.

E para expressar tudo isso, os pescadores e as suas mulheres sempre deram primazia à música e à dança. Prova disso são os ranchos folclóricos que foram surgindo naquela localidade piscatória.

Antigamente, mal vinham da faina do mar, os pescadores pegavam no harmónio, num cântaro e num abano de assar a sardinha, numa garrafa e num garfo, que colocavam dentro para dar ritmo, nuns ferrinhos, nas velhas violas, nas flautas e nas pinhas que passavam uma na outra e partiam para a folia, para as festas da Senhora da Luz, de S. Brás e de Santo Amaro, nos arredores da Nazaré.

É que apesar dos perigos a que estão constantemente sujeitas, as gentes do mar têm uma alegria esfuziante que deixam transparecer nas danças ritmadas.

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Os trajes dos homens

Cada peça de roupa com que encenam o vira tem um significado próprio.

Os homens vestem a camisa de xadrez e as ceroulas de trabalho, colocam o barrete na cabeça, que serve para levar o tabaco, o dinheiro e também para proteger do sol e do frio e rematam com a faixa na cintara, que na faina tem a função de corda, caso caia alguém ao mar.

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Os trajes das mulheres – as sete saias

A característica principal do traje feminino são as sete saias que têm uma razão de ser. É que sempre que estava a chover e elas iam esperar os maridos à praia. Colocavam uma saia por cima da cabeça e as outras por baixo para resguardar da humidade, o chapéu com um ponpon e a parte superior direita eram não só por causa do sol mas também para poder transportar as canastras mais comodamente.

A nazarena pode também utilizar nas danças o seu fato domingueiro. E nesse caso a diferença nota-se essencialmente pela saia de cima que é plissada.

Existe ainda um outro elemento que está presente no traje nazareno e que intervém na dança do vira.

Trata-se do ‘foquim’ que é feito artesanalmente pelo pescador e que tem uma dupla função: serve para levar o farnel para o mar e, uma vez que não vai ao fundo, em caso de acidente, serve para avisar que houve naufrágio.

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Fonte do texto (editado e adaptado) | Imagem de destaque: Ilustração de Mário Costa (1902-1975)