Vestuário da aldeia de Costa de Cima – Leiria

Vestuário da aldeia de Costa de Cima – Leiria

Trajo domingueiro das mulheres

O trajo domingueiro das mulheres, usado ainda há uns vinte anos, compunha-se de uma saia redonda, de farta roda, casaco cintado, capa comprida até aos pés, capa esta que podia ser de pano preto, cinzento ou azul, mas o mais fino era o pano preto.

A capa podia ser simples ou enfeitada à frente com bandas que acompanhavam toda a capa, e atrás terminava em bico. A completar este trajo, usavam um lenço de Bretanha.

Ricos e pobres trajavam assim. A diferença consistia apenas na qualidade do tecido. Nos pés, tamancos ou sapatos, toscamente feitos. Meias só as mais abastadas as usavam.

As capas, porém, foram sendo postas de parte e hoje já pouco se usam. Só uma ou outra pessoa antiga as usa. O lenço de Bretanha foi substituído pelo lenço de seda, de lã ou ainda de chita.

Muitas mulheres usam um chapéu de feltro ou veludo, por cima do lenço, como as Ovarinas. Esse chapéu é mais ou menos enfeitado, ou com uma fivela ou com um feixe de peninhas de cores.

Também a substituir a capa, usam algumas mulheres uma saia a cobrir os ombros. Essa saia é de chita ou de lã grosseira, tecida em casa.

O trajo dos homens

O trajo dos homens é também simples. Trajam uma jaqueta curta, calça estreita, em geral de pano castanho-escuro, sapatos ou tamancos, e na cabeça um barrete de lã preta ou um chapéu de abas. Em volta da cinta, uma faixa de lã, geralmente preta.

A camisa é uma camisa vulgar, de riscado. Alguns, porém, trajam um pouco mais à cidade e esses fazem consistir o seu luxo no uso de gravata.

Há quarenta para cinquenta anos, via-se um outro trajo entre os homens mais abastados: compunha-se de uma jaleca, calção um pouco acima do joelho, botas altas a acompanhar os joelhos e a aparecer a meia branca de lã ou de algodão (segundo a estação), por cima da bota.

Na cabeça, um chapéu largo. O calção desapareceu completamente e hoje nem uma só pessoa se vê assim.

Outras informações

Também o trajo feminino actualmente varia conforme as posses de cada mulher. Algumas saias, as das raparigas, são enviesadas, outras de roda farta; os casacos pouco se usam; substituem-nos por blusas.

Nos ombros, põem um xalinho, e na cabeça um lenço; nos pés meias e sapatos de cabedal grosso. São as mais jeitosinhas.

As pessoas mais abastadas, em contacto com a cidade, vão-se apurando na maneira de vestir, e o seu luxo consiste num casaco a imitar uma ou outra moda, dentro de uns certos limites, numa mantilha e num leque; e são estas as senhoras da terra. Algumas usam uma mantilha de bico.

O ouro é pouco usado e isso devido, talvez à pobreza da terra.

Extractos de um estudo sobre o vestuário da aldeia de Costa de Cima (concelho de Leiria), feito por Esméria de Sousa, estudante da Faculdade de Letras de Lisboa, datado de 11.07.1916

Fonte: Informações retiradas de “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos | Imagem