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Traje dos estudantes do Liceu – a batina | Alentejo

Traje dos estudantes do Liceu – a batina

«Os estudantes do liceu trajam ainda a teológica batina.

É um resto dos costumes de outrora, em que o ensino era mais eclesiástico de que leigo.

O mesmo se observa noutros liceus, como, por exemplo, no da Guarda.

Por várias vezes se tem debatido na imprensa se convém ou não que os estudantes tenham uniforme.

Os rapazes influem-se principalmente com isto por um bocado de vaidade de se destacarem dos futricas.

Aqui há uns meses os estudantes passam pelo cómico de pedirem ou tentarem pedir ao Governo que lhes desse a batina dos estudantes de Coimbra!

Ora a batina em Coimbra tem uma certa significação, porque representa antigas tradições, embora se vá de tal modo já secularizado, que, com o tempo, tem perdido uma parte do seu comprimento e está hoje reduzida a um casaco.

No Porto, porém, não há esta tradição.

A escola de Medicina, de que me honro de ser filho, teve uma origem muito diversa da Universidade; portanto, a implantação da batina nela parece-me um anacronismo, que só posso explicar pelo hábito que todos têm de imitar o que é dos mais.

Se querem um uniforme, escolham outro; ainda que eu acho isto uma coisa secundária, sem essa grande vantagem que lhe apregoam, e entendo que a principal distinção do estudante é a sua aplicação e o seu saber. » (1)

Trajo regional de Portalegre | Trajos do Alentejo   

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No blogue “Viver Évora” – de onde foi retirada a imagem acima – encontramos o texto de um edital, mandado publicar, a 18 de Julho de 1861, pela reitoria do Liceu de Évora:

EDITAL

João Rafael de Lemos, comissário dos estudos do distrito de Évora e reitor do Liceu Nacional desta cidade, por S. Magestade (sic) o Senhor D. Pedro V, (…) faz saber que:

Os alunos do Liceu Nacional desta cidade são obrigados a apresentarem-se em todos os actos escolares com o vestido talar académico, cujo uso lhes foi concedido pela Portaria do Ministério do Reino de 27 de Outubro de 1860, sob pena de serem riscados do livro de matrículas os contraventores.

E para que chegue a notícia aos interessados (…)

Évora, 18 de Julho de 1861

O comissário de estudos e reitor do Liceu

João Rafael de Lemos

(1) Informações retiradas de “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos