Sarapatel é uma especialidade gastronómica do Minho
Sarapatel
O sarapatel é uma das especialidades da gastronomia tradicional das aldeias da serra d’Arga.
Constituindo uma espécie de cabidela feita com as miudezas de cabrito, este prato é especialmente apreciado por ocasião da Romaria ao São João d’Arga que, todos os anos, se realiza nos dias 28 e 29 de agosto, considerada uma das mais genuínas festas minhotas.
Existe também no Alto Alentejo uma variante do sarapatel, confecionado com carne de borrego e cabrito, incluindo miudezas e vísceras, servido quente sobre finas fatias de pão alentejano.
À semelhança de muitos dos costumes portugueses, também o sarapatel foi levado pelos navegadores da era dos Descobrimentos até terras distantes do Brasil e da Índia Portuguesa, dando aí origem a novas versões e paladares com a introdução de especiarias e outras iguarias.
É atualmente afamado o sarapatel goês, temperado com açafrão, malaguetas, canela, gengibre, cravinho, tamarindo e outras especiarias, tornando-se um verdadeiro símbolo da cultura indo-portuguesa.
Mas também no Brasil, em particular na Baía, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, o sarapatel é uma das especialidades da sua cozinha tradicional.
O sarapatel é, pois, uma dos pratos típicos da nossa culinária que bem poderia servir de mote para a realização de um grandioso evento gastronómico, servindo à mesma mesa uma especialidade gastronómica que passou a ligar os povos que em três continentes partilham um idioma comum – a Língua portuguesa! 1
Mas afinal quantas variedades de sarapatel existem?
Na Serra de Arga, Alto Minho, feito após o abate do borrego e, atualmente, consumido apenas nas festas anuais de verão que duram três dias.
Na região alto-alentejana de Marvão, de borrego, consumida ao longo do ano em forma de sopa. Inclui fatias de pão e laranja dispostas no fundo da malga. Muito pouco difundido.
Na vila de Amareleja, Baixo Alentejo, parece existir uma versão de Sarapatel chamada Sarraburra, feita de porco e consumida com batata cozida e laranja.
Na Ilha da Madeira, embora seja também pouquíssimo conhecido entre os locais. Incorpora a banana entre outros produtos diferentes.
No Nordeste Brasileiro, amplamente difundido, de porco ou de borrego, havendo lugar a sub-variações regionais. De tempero simples, acompanha com farinha de pau ou arroz.
Em Goa, e onde quer que existam goeses. Altamente condimentado, feito das miudezas do porco. Acompanha com arroz branco ou “sanans“.
Em Macau e entre os macaenses, embora este pareça ser derivado do Sarapatel goês. Mais suave do que o original.
Em Moçambique é bastante conhecido por via da presença goesa, mas não adquiriu autonomia, nem surge nas ementas regulares dos restaurantes. 2
Fontes: 1 Texto de Carlos Gomes, Jornalista, Licenciado em História | 2 Galeria dos Goeses Ilustres | Imagem