Santos populares em Lisboa – cor e alegria noite e dia
Santos populares em Lisboa
Em junho, Lisboa vive em permanente festa.
Este é o mês dos arraiais, das marchas, dos manjericos e das sardinhas assadas. Os bairros históricos são ornamentados a preceito e transbordam de cor e alegria dia e noite.
Tudo isto para homenagear os três santos populares: Santo António, São João e São Pedro.
É assim há largas décadas, desde o tempo em que a cidade se assemelhava a um conjunto de pequenos núcleos com características muito particulares.
Entretanto, a capital cresceu e modernizou-se, continuando, todavia, as tradições vivas, como provam as Festas de Lisboa.
Em honra de Santo António
De entre as muitas festividades tradicionais na capital portuguesa, as mais espetaculares são dedicadas a Santo António, eleito o santo preferido da cidade [não é o seu padroeiro, que efetivamente é São Vicente] venerado por todos os alfacinhas.
As comemorações em sua honra têm início na véspera do seu aniversário, atingindo o ponto alto na noite de 12 de junho quando multidões entusiasmadas se agrupam ao longo da Avenida da Liberdade para assistir às Marchas Populares, um desfile protagonizado pelas coletividades de várias freguesias da cidade que rivalizam na procura da melhor coreografia e do mais belo traje.
No entanto, esta noite não se esgota nas Marchas Populares.
Em termos festivos, a animação chega ao rubro em bairros históricos como Castelo, Alfama, Mouraria, Madragoa, Bairro Alto e Bica, onde o ambiente de folia é contagiante.
Por outro lado, Santo António sempre foi uma fonte de inspiração para os namorados.
Não admira, portanto, que da crença nos dotes do padroeiro do amor tivessem derivado os Casamentos de Santo António, um bonito e grandioso acontecimento onde dezenas de noivos contraem matrimónio numa cerimónia coletiva realizada na manhã de 12 de junho.
As Festas de Lisboa englobam também uma forte vertente religiosa, sendo várias as cerimónias religiosas dedicadas aos três santos populares.
Como não poderia deixar de ser, as que adquirem maior relevância são as do Santo António. Nela, destaca-se a procissão do dia 13, durante a qual a sua estátua é levada pelas ruas num andor ricamente adornado e seguida por centenas de fiéis. 1
As Festas de Santo António, em Lisboa
Não se pode falar das Festas de Santo António sem falar do pregador nascido em Lisboa no ano de 1192, e mais tarde falecido em Pádua (Itália).
A capital fez dele seu padroeiro [mas não o é!].
De uma forma semelhante ao São Gonçalo de Amarante (mas numa versão mais atenuada e «urbana») o seu culto estará associado a ritos de fertilidade.
Nas festas de Lisboa os jovens queimam alcachofras para saber do futuro dos seus amores e encomendam-se à proteção do santo.
Reza a lenda que Santo António, sem perder os seus atributos de santidade, não desgostava de pregar partidas às raparigas casadoiras. Para tal, aproveitada para quebrar as respetivas bilhas quando estas estavam entretidas na fonte.
A igreja com o seu nome tem aspeto austero e situa-se nas imediações da Sé.
Data do séc. XVII e dizem que terá sido construída com as esmolas recolhidas pelos miúdos de Lisboa que montavam tronos nos portais com a figura do santo.
Um «tostãozinho para o Santo António»
A pedincha do «tostãozinho para o Santo António» ainda se mantém nos bairros populares a partir do início de Junho.
Dada a sua fama de santo protetor contra todos os males e também a de ser casamenteiro, os poderes públicos instituíram, a partir dos anos 50 do século passado, a tradição das Noivas de Santo António.
Todos os anos era selecionada uma série de namorados de fracos recursos, aos quais eram concedidos diversos apoios, caso se casassem na manhã de Santo António numa cerimónia coletiva.
Muito identificada com o regime do Estado Novo, e incluindo aspetos menos agradáveis relacionados com a devassa da intimidade dos nubentes, esta prática caíra em desuso após o 25 de Abril.
Posteriormente, foi retomada em moldes de aproveitamento televisivo.
Mas o auge das Festas de Santo António de Lisboa é, como não podia deixar de ser, o desfile das Marchas, com o seu cortejo das representações dos diversos bairros lisboetas.
Um acontecimento que leva habitualmente à Avenida da Liberdade milhares de espectadores.
Tudo termina nos arraiais montados nos mais típicos bairros de Lisboa, em especial em Alfama e na Madragoa. Em todos, o centro das celebrações é a sardinha assada que faz correr jarros de sangria. 2
Fonte: 1 “Descobrir Portugal” | 2 Guia “O Melhor de Portugal” – Festas, Feiras, Romarias, Rituais