Romanceiro – Romances religiosos e profanos

”Romance”

«A palavra “romance”, que primitivamente significava a língua falada em Portugal até ao aparecimento do português proto-histórico, passou, depois, a designar história em verso, feita por autor desconhecido, e que o povo cantava nas suas actividades.

A hipótese de autoria colectiva, perfilhada por Almeida Garrett, está posta de parte.

Só poderá falar-se de romances do povo, na medida em que ele os assimilou e modificou, acrescentando, suprimindo, adaptando e até interpolando, umas vezes consciente, outras inconscientemente. (…)

Podemos considerar os romances poemas lendários com fundamento histórico, de forma épica ou épico-lírica, narrativa ou dramatizada.

Garrett admite duas espécies de histórias: o romance, que é todo narrativo, e a xácara, que é toda dramatizada.

Mas muitas vezes coexistem o romance e a xácara. Então, chama-se romance-xácara, se predomina a fala do autor; e xácara-romance, se predomina a fala dos personagens. Quando a história é triste, chama-se solau.

Entre nós, também se lhes chamou: rimances, romanças, trobos, trovas, motes ou simplesmente versos. Os romances religiosos de carácter laudatório também se chamam loas.

Os romances religiosos estão relacionados com a vida de Jesus, de Nossa Senhora e dos Santos.

Os profanos evocam episódios da reconquista cristã aos Mouros, ou falam de amor e de dramas passionais, provocados pela infidelidade das esposas, na ausência dos maridos, e pelo perjúrio dos namorados, em vésperas de casamento.

A maior parte dos romances peninsulares teve o berço em Castela e nasceu dos Cantares da Gesta, na opinião de Carolina Michaelis. Daí irradiou para toda a Península, por via oral, através das migrações para guerras, trabalhos, feiras e festas. (…)»

Joaquim Alves Ferreira, in “Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro” (texto editado e adaptado)

Romances religiosos

O Divino Pobrezinho ou o Lavrador da Arada

Trás-os-Montes e Alto Douro

Manharinha de S. João

Outro exemplo de romance (este de carácter religioso) utilizado nas segadas (11 horas da manhã). A melodia desenvolve-se no âmbito de uma oitava distribuída por dois cantores: um pentacorde inferior confiado à voz masculina, e um tetracorde jónio superior (à guisa de resposta), confiado à voz feminina.

Trás-os-Montes

Romances profanos

Dona Silvana

Trás-os-Montes e Alto Douro

Era o Mário Morais

Ribeira de Pena – Trás-os-Montes

A Costureira

Ribeira de Pena – Trás-os-Montes

De uma filha que se sentia desprezada pelos pais em favor de uma irmã e preferiu matar-se a sofrer essa diferença

Ribeira de Pena – Trás-os-Montes

O Caloteiro

Constantim – Vila Real – Trás-os-Montes e Alto Douro

Dona Ancra

Belo romance talvez corruptela ou deformação sónica de Dona Ângela, romance vulgarizado em Trás-os-Montes e em Espanha, nesta conhecido pela designação de La novia del duque de Alba.

Trás-os-Montes

Mineta

Versão transmontana de muito espalhado romance O Cego, também conhecido sob a designação de O rei e a pastora, Aninhas. Canção usada no trabalho de fiar o linho.

Trás-os-Montes

A mal-casada

Cantiga de «malhas» (romance)

Trás-os-Montes

Romances Pastoris

Deus te salve, Rosa

Encantador romance pastoril. A melodia em maior e de regular ritmo binário, semelha uma graciosa ronda infantil.

Trás-os-Montes