Religiosidade PopularSuperstições e crendices

Religiosidade, crenças e superstições no Alto Minho

Religiosidade, crenças e superstições no Alto Minho

Romarias e ermidas

As ermidas, situadas no cimo de elevações sobranceiras aos povoados, atraem geralmente as romarias mais arcaicas.

Segundo crença, que remonta à Idade Média, essas ermidas situadas no alto dos montes protegiam as populações, os seus gados e culturas.

Eram fundamentais para a realização das procissões propiciatórias de ladainhas e de clamores que o cristianismo medieval e moderno tão bem acolheu.

As que se situam no limite de freguesias passaram a ser frequentadas por populações vizinhas.

Na Ribeira Lima existem antigas e afamadas romarias como as de

– S. Silvestre de Cardielos (Viana do Castelo),

– S. Bartolomeu de Ponte da Barca,

– S. Bento de Ermelo (Arcos de Valdevez),

– S. Bento do Cando da Gavieira (Arcos de Valdevez)

– e de Nossa Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez).

Também existem grandes romarias de invocações modernas, caso da

Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo,

– da Nossa Senhora da Boa Morte da Correlhã (Ponte de Lima)

– ou do Senhor da Saúde em Sá (Ponte de Lima).

Clamores

Os clamores eram procissões em que os participantes rezavam a cantavam o mais alto possível, em que se “berravam as preces”.

Isso para que a petição ecoasse o mais longe e alto possível e, desse modo, chegasse aos céus.

Nestes clamores, iam à frente os tamborileiros, espingardeiros e, por vezes, homens com foices e gadanhas, pois o barulho fazia parte dos ritos mágicos essenciais ao afugentar de males.

Enterros de devoção

Os enterros de devoção, um costume muito usual no Norte de Portugal e no Sul da Galiza, praticavam-se no santuário da Peneda (Arcos de Valdevez), assim como noutros santuários da Ribeira Lima.

Tratava-se de uma promessa em que uma pessoa, geralmente curada de doença, tinha de participar na procissão dentro de um caixão, fazendo-se transportar em funeral, como se estivesse morta.

Culto ao Espírito Santo

O culto do Espírito Santo encheu a região de santuários e de capelas, mas foi sendo esquecido.

Houve importantes confrarias do Espírito Santo em Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.

A devoção ao Espírito Santo esteve em voga, nos finais da Idade Média, quando se espalhou por Portugal continental e passou aos Açores.

Outras modalidades de religiosidade popular

A religiosidade popular apresenta outras velhas modalidades.

Por exemplo, a crença de que, em certas noites, a freguesia era percorrida pela procissão de defuntos. A tradição apoiava-se em inúmeras histórias, como a de Beiral (Ponte de Lima), mas em muitos outros locais eram conhecidas idênticas narrativas.

A crença em bruxas e no diabo também estava bem arreigada nas mentes populares.

Do diabo todos tinham medo. Este aparecia, de noite, nos caminhos, nos terreiros e mesmo nos recantos mais escuros das casas.

De lobisomens, pieiras de lobos e feiticeiras nem é bom falar! Até se conhecem locais assiduamente frequentados e peripécias com alguns daqueles que os tiveram de enfrentar.

Fonte: “Cores, sabores e tradições – Passeios no Vale do Lima” | Imagem de destaque