Provérbios regionais do Alto Douro | Ditados populares
Provérbios do Alto Douro
A orientação popular nunca ligou a instrumentos. É ciência artesanal, a olho nu.
Lamego, Vila Real e o Marão foram, todos os três, os quatro pontos cardeais da Régua rural e mais idosa.
O almanaque dos Provérbios anda aí, na linguagem popular, envergonhado, como um saloio na capital.
Céu escuro previne mau tempo conforme o horizonte: “De Lamego, mete medo, do Marão, só faz mal aos que lá estão; de Vila Real não é que vem o mal“.
O nosso horizonte negro de chuva, cobre Lamego que o mapa nos coloca viradinhos ao Sul, mas a pouca distância da mesma nuvem: “Está em Lamego? … Já está no pêlo“.
O tempo de nevoeiro baixo e de ar pesado fornece alguns provérbios como este: “Nevoeiro no Douro, chuva no couro“.
Mais indulgente, o Marão deixa-nos o benefício da dúvida: “Vento do Marão, a chuva virá ou não“.
O povo das romarias conhece as datas e o programa: “Cinzas em Lamego, Corpo de Deus em Vila Real“.
Os provérbios ficam…
Infelizmente algumas festas perderam o seu folclore, mas o provérbio ficou como memória ou epitáfio.
O provérbio regional de qualquer área não poupa o bom nome dos habitantes de algumas terras. Na maior parte dos casos são expressões injustas que nasceram e se mantém por rivalidade entre vizinhos.
Abaças, Sedielos e Valdigem, por exemplo e na nossa área, são vítimas de expressões muito duras que a sua fidalguia e simpatia não mereciam.
Qualquer Provérbio é tradição (“foi-nos trazida“) genuína de todos os povos.
Já a Sagrada Escritura, no Velho Testamento, tem nos “Provérbios” um dos seus livros mais interessantes, se no sagrado é possível comparação.
Os Romanos foram os geniais criadores dos ditados latinos. Quase como eles, os povos orientais, sobretudo os Chineses, e até certas civilizações africanas, oferecem-nos sentenças magníficas.
Tudo isto, porque os Provérbios são a “sabedoria das nações”. Quem o disse acertou.
O Alto Douro deveria juntar os seus num livro.
Ditados regionais são parte do nosso património que se não devia deixar perder. Porque o Provérbio é ainda, na nossa Região, coloquial diário na Linguagem Popular mais velha e rural.
Fonte: “Subsídios Históricos e Etnográficos do Alto Douro”, Pe Luís Morais Coutinho (texto editado e adaptado)