Produção e Transformação do Linho em Várzea de Calde
Linho em Várzea de Calde
A produção e transformação do linho em Várzea de Calde são práticas de um saber-fazer com recurso a técnicas ancestrais inalteradas.
Desde a sementeira à produção do tecido, as atividades estão intimamente vinculadas à cultura local, sendo executadas por mulheres artesãs da aldeia de Várzea de Calde, que ao longo de gerações foram preservando conhecimentos e transmitindo-os por via oral e pela prática.
O linho já foi a fibra mais utilizada em Portugal. O seu processo de produção e transformação é longo e composto por distintas etapas.
Para ler: Os trabalhos que o linho dá | Ciclo do linho
A cadeia de trabalho tem início na sementeira; na primavera o linho está em flor e dá-se o arranque e a ripagem; no mesmo dia o linho é aguado, empoçado ou curtido.
Depois de lavado no ribeiro da Várzea de Calde, o linho é retirado em molhos e levado para um lameiro para secar e corar.
Quando está seco, o linho é maçado. Segue-se a sedagem ou assedagem, que consiste em passar-se cada estriga de linho pelo sedeiro.
Depois de branquear o fio e dobar, deve-se urdir a teia e montá-la no tear, pela arte da tecelagem, o fio ser transformado em pano.
Todas as fases do processo, desde a sementeira até à tecelagem, continuam a ser realizadas manualmente pelas artesãs da povoação, com teares e instrumentos pertencentes às suas antepassadas.
Para ler: O linho – E duma planta se faz um tecido único!
O trabalho é acompanhado por um cancioneiro próprio, alusivo aos esforços coletivos do trabalho do linho em Várzea de Calde.
A criação do selo/certificado para as produções de linho com fins comerciais e o Museu Casa da Lavoura e Oficina do Linho de Várzea de Calde, local central desta prática, têm contribuído para salvaguardar esta tradição secular no Município de Viseu. 1
Sobre a aldeia de Várzea de Calde
“A aldeia de Várzea de Calde é parte integrante da freguesia de Calde, concelho e distrito de Viseu.
A freguesia de Calde dista da sede concelhia, cerca de 12 Km e fica situada na margem direita do Rio Vouga, na encosta da Serra da Arada, confinando com os concelhos de Castro Daire e S. Pedro do Sul.
Dela fazem parte as povoações de Almargem, Cabrum, Calde, Paraduça, Póvoa, Várzea, Vilar do Monte e o lugar de Vila Pereira.
A freguesia ocupa uma área de 3 836 Ha, no planalto que rodeia a cidade de Viseu na sua extremidade norte.
O topónimo Calde deriva do genitivo antroponímico Calidus (“quente”), talvez por ser terra de clima soalheiro e acolhedor, referindo-se a um senhor de uma villa Callidi, sofrendo as naturais evoluções fonéticas, derivando em Cáldi. Esta última designação prevaleceu até ao século XIII, pelo menos.
Também os topónimos dos lugares da Freguesia de Calde refletem a influência dos povos primitivos, como os árabes, cujo exemplo mais evidente é o topónimo “Almargem”.” 2
Fontes: 1 “Saber ser – saber fazer – O património cultural imaterial da região centro” | 2