Os Vinhos do Algarve tiveram origem nos fenícios
Vinhos do Algarve
Ao invés do Alentejo (…), o Algarve não parecia destinado a produzir bons vinhos. Não tanto pela inadequação do clima, mas antes pelo tipo de terrenos que constituem a maior parte do seu solo arável.
Mas o vinho é uma tradição tão antiga no Algarve como nas outras regiões vinícolas do país. Para ali levada por fenícios, depois por romanos e até pelos abstémios mouros.
O solo e o clima são os dois fatores decisivos, mas muito também depende da habilidade do lavrador.
Em muitos anos, a precipitação é inconsistente no Algarve, e o vinicultor tudo faz que o solo ensope o mais possível quando chove e deixe evaporar o menos possível quando a chuva escasseia.
Deste modo, a qualidade dos vinhos algarvios depende sobretudo do tipo de solo e dos microclimas que dominam certas zonas.
Vinhos de Lagoa
A região de Lagoa é, por certo, a mais conhecida das zonas vinícolas algarvias. Tal deve-se exatamente ao tipo de terreno dominante, ao microclima que ali se instala e, por fim mas não menos importante, ao cultivo de castas bem adaptadas.
A região produz vinho que tem, regra geral, elevado teor alcoólico, mas que nem por isso perde uma certa suavidade e perfume que faz as delícias dos apreciadores deste tipo de vinho.
Certos vinhos aperitivos, em especial os brancos e roses, chegam a atingir 16 graus, sem por isso perderem a textura aveludada e o aroma intenso.
Os tintos apresentam uma coloração viva e aberta, podendo mesmo beber-se frescos quando ainda não passaram por estágio.
O envelhecimento consegue afinar-lhes as qualidades, fazendo deles néctares muito agradáveis para acompanhar entradas e pratos de aves.
Existem outros vinhos algarvios com valor semelhante, mas que, devido à menor projeção comercial, muitas vezes apenas são conhecidos no Algarve.
Vinhos de Portimão, Lagos e região de Tavira
É o caso dos vinhos de Portimão e Lagos, produzindo a adega cooperativa desta cidade um branco seco que pede meças aos mais afamados.
Noutros tempos, a zona da Fuzeta produzia um bom vinho. As vinhas foram ocupadas por construções turísticas, e hoje a produção é muito escassa – nem dá para provar.
Na região de Tavira, merecem referência os vinhos de Moncarapacho, Pechão e Quelfes, que prosperam nas encostas viradas a Sul. São, no entanto, produções incipientes que quase não aparecem no mercado.
A aguardente de medronho
O que se merca são as aguardentes, em especial a de medronho, um produto ainda predominantemente artesanal, destilado pelos agricultores das serras de Monchique e Espinhaço de Cão, a partir do fruto silvestre que cresce, as mais das vezes, sem grandes cuidados por entre os matos serranos.
Os diversos produtores esmeram-se para conseguir o melhor produto, e entram em compitas com os vizinhos, instando frequentemente o forasteiro a provar e tomar posição sobre a valia de cada aguardente.
Igualmente curiosa, e comprovável, é a insistência das gentes serranas na capacidade da medronheira para tirar a sede.
A mistura destas aguardentes com o mel produzido na região de Silves tem dado origem a bebidas espirituosas que são comercializadas com as mais diversas designações.
In GUIA Expresso O Melhor de Portugal – nº6