Os Santeiros da Maia – Arte popular religiosa do Norte
Os Santeiros da Maia
Imaginários
e mestres de imagens foram os artistas que nos tempos medievais e nos da renascença esculpiram as figuras divinas e hagiológicas.
Na era de seiscentos, porém, divulga-se o qualificativo de santeiros e aquele outro desaparece.
A arte popular dos santeiros proliferou bastamente no século XVIII, desdobrada na escultural e na pictórica (envolvia esta as encarnações, os dourados e estofados das roupagens), e distinguia-se pelo amaneirado das modelações e pela excelência das pinturas.
As oficinas dos escultores-santeiros congregavam-se em lugares certos.
Foram centros da dita arte as cidades do Porto, de Lamego, Braga, Viana do Castelo, a terra da Maia e a Ilha de S. Miguel (Açores).
O de Gaia fruiu a sua época áurea nos fins do século XIX e princípios do actual, com José Afonseca Lapa e Fernandes
Caldas.
As perseguições movidas à Igreja pela demagogia democrática, nos primeiros anos da República geraram o declínio desta arte popular.
Manteve-se, embora precariamente, o centro da Maia, de velha tradição, onde aos pais sucediam os filhos.
Ainda subsistem as oficinas dos Thedins [na imagem acima] e dos Maias, com longas décadas vitais. Os outros centros pereceram.
A imagem de Nossa Senhora de Fátima
Actualmente, porém, está próspera e avigorada a arte dos Santeiros da Maia, por efeito das encomendas de imagens que recebem da Europa, da África e das Américas.
Esta prosperidade resultou da peregrinação, ao longo dos caminhos do mundo, efectuada pela imagem de Nossa Senhora de Fátima.
As imagens dos santeiros da Maia são, fora as de série, dignas de apreço, quanto à escultura.
O que as inferioriza é a pintura, de má valia em tintas e em execução.
Claramente, feneceu a arte de estofar e encarnar as imagens.
Na obra escultórica destes artistas revela-se flagrantemente uma deploråvel industrialização, prescrita pelos maus factores desta época de crise moral e mental.
Sem dúvida, o industrialismo é um agente desagregador e corruptor da dignidade espiritual dos povos, dos valores característicos dos mesmos, da tradição.
À sua bruta influência e à das técnicas não escapa, nem a arte.
O progresso material é inimigo da civilização. (1)
Santeiros da Maia – movimento artístico
Santeiros da Maia, designação atribuída ao movimento artístico que decorreu em Terras da Maia, próximo da cidade do Porto, ao longo de mais de cem anos. Este movimento, que terá tido início nos inícios do século XIX, atingiu o seu auge em meados do século XX. Ao longo de todos estes anos, a Maia, terá sido talvez o maior centro de produção de Arte Sacra em madeira e pedra de ançã (calcário) de Portugal.(2)Fontes(1)
(Guia oficial do I Congresso de Etnografia e Folclore, promovido e organizado pela Câmara Municipal de Braga | Braga – Viana do Castelo | 22 – 25 de Junho de 1956 (texto editado e adaptado)
(2) Texto e imagem