Covilhetes
O concelho de Vila Real, não tendo uma gastronomia excepcionalmente rica, embora a confecção seja sempre de primeira qualidade, tem, no entanto, alguns pratos típicos, que constituem verdadeiras especialidades locais:
– as “tripas aos molhos”,
– a bola de carne,
– o joelho da porca (prato este introduzido nos anos 80 do séc. XX),
– a vitela, sobretudo assada, embora apareçam confeccionadas das mais diversas maneiras (prato obrigatório nas ementas do passado, justificando a fama de que em Vila Real “só se como vitela”),
– e os covilhetes.
Estas duas últimas especialidades, a vitela e os covilhetes, são sem dúvida as mais características e também as mais antigas.
Covilhetes só em Vila Real!
Os covilhetes, espécie de empadas de carne hoje tão divulgadas e representativas da gastronomia vila-realense, que devem o nome ao seu formato, tinham a sua tradição ligada à Festa e Feira de Santo António, mais tarde também às Festas de Senhor do Calvário e da Senhora da Almodena, ocasiões praticamente únicas em que eram comercializados em barracas montadas para o efeito.
Eram igualmente comidos pelo Carnaval.
Com a fixação dos estabelecimentos hoteleiros e restaurantes no secular Campo do Tabulado e na Estrada-Rua integrada na rede fontista que atravessava a vila, a partir dos anos 60 do séc. XIX, os covilhetes, acompanhados de arroz de forno, ganham lugar nas suas ementas, ao lado da vitela, das tripas e da pastelaria conventual.
A sua popularidade vai crescendo e já no séc. XX há pessoas que vão pelas ruas e casas, em dias certos, vender covilhetes acondicionados em tabuleiros de verga cobertos de toalhas de linho.
Nos dias de hoje, encontra-se em praticamente todas as pastelarias e cafés um tipo de covilhetes, cuja iniciativa, nos anos 40 do séc.XX, pertenceu a Dona Maria da Conceição de Sousa Magalhães Gomes, da Casa Gomes, hoje Pastelaria Gomes, que, com o objectivo de manter os covilhetes à venda ao longo de todo o dia, substituiu a massa original por uma massa meio folhada.
Os covilhetes tradicionais, pela própria natureza da sua massa, deviam ser consumidos logo a seguir à cozedura.
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