Orações populares que os nossos avós rezavam
Orações populares
“Um povo sem religião, sem culto, sem Igreja, é um povo sem Pátria, sem tradições, que se expõe necessariamente à escravidão“, como judiciosamente escreveu Lecointre.
Ora o nosso povo sempre lutou pela sua Pátria, pelas suas tradições e pela sua liberdade: 1385 e 1640 são marcos históricos dessa luta heróica só possível pela sua grande fé que tornava a sua alma maior que o seu corpo.
A razão desta crença no sobrenatural é o seu permanente contacto com a natureza que, no dizer de Guerra Junqueiro “é um credo sempre crescente e uma oração a Deus“.
Orações da noite
«A noite é o reino das trevas, portadoras de fantasmas, e uma espécie de precursora da morte, cujo túmulo é o próprio leito.
Por isso, o medo da escuridão e da morte, agravado pelo receio de comparecer na presença do Supremo Juiz, faz com que o crente sinta necessidade de recorrer à oração, por vezes com sentido de angústia e de terror, que acaba por ser superado pelo efeito tranquilizante da fé.»
Orações da manhã
«Se a noite, símbolo da morte, impele o crente à oração, como forma de esconjurar o medo, a madrugada, símbolo da ressurreição, convida-o, igualmente, a rezar, como meio de manifestar a alegria de quem se libertou das trevas para a luz.
Por isso, as orações têm um cunho mais alegre e otimista.
Mas há ainda uma outra razão importante para rezar: a madrugada é o início de um trabalho duro, onde o perigo espreita, contra o qual é preciso estar protegido por Aquele que tudo pode.»
Orações do dia
«O dia é, sobretudo, tempo de ação. Mas nem por isso a oração é esquecida.
O homem sente-se impotente para enfrentar sozinho dificuldades de toda a ordem que surgem a cada momento:
“de home vivo, mau encontro; dos cães danados e por danar; de águas correntes; de fogos ardentes e da língua de más gentes…”.
Por estas razões, recorre, em todas as circunstâncias da vida, aos Entes Superiores – Deus, Nossa Senhora, e os Santos – para o protegerem.»
Orações de certas circunstâncias
Textos (editados) de Joaquim Alves Ferreira, Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro – Devocionário (vol. III)