O Vira | danças do povo português
Vira
O Vira é uma das mais antigas danças populares portuguesas; dele já o poeta e dramaturgo Gil Vicente, escritor do séc. XVI e fundador do teatro português, nos fala na sua peça Nau d’Amores, dando-o como uma dança do Minho.
Com efeito, o Vira é uma dança de tradição minhota embora se baile, de maneira diferente, também na Nazaré e no Ribatejo e, hoje, se baile à maneira minhota em quase todo o país.
O Vira é, de uma maneira geral, a dança popular portuguesa mais característica e popularizada.
Há inúmeras variantes tanto musicais como na maneira de o bailar: vira de roda, vira estrepassado, vira roubado, vira afandangado, vira valseado, vira-flor, vira de trempe, vira galego, vira ao desafio, vira poveiro (da Póvoa do Varzim), etc.
No ponto de vista musical, o Vira pode ser menor ou maior e é muito semelhante ao fandango; porém o fandango dança-se de diferente maneira.
O Vira minhoto, isto é, o vira em maior, é semelhante ao malhão e à chula.
O vira em menor, que se divulgou, não é minhoto.
O Vira não tem estribilho: a quadra da cantadeira repete-a o coro dobrada em terceiras ou somente dois versos e um lá, rai como estribilho; quer dizer: como o Vira não tem estribilho o coro repete os versos dos cantadores.
É da praxe minhota começar a cantiga no 2º verso.
O Vira distingue-se do fandango pelo verso da canção, mais longo no fandango.
O Vira da Régua é a chula.
Maneira de bailar o Vira
Geralmente o Vira dança-se aos grupos de quatro pessoas, isto é, de dois pares; mas, também, pode ser dançado em filas paralelas de quatro, seis, oito, dez ou doze pares.
Posição inicial
Os pares frente a frente; raparigas de um lado, rapazes do outro. Braços erguidos ao alto, virados para o mesmo lado e os dedos virados como castanhetas para marcarem o estalado.
1.º passo
Passo de valsa campestre, rodando na mesma direção; os pares rodopiam, voltando sem alterar o andamento.
2.º passo
Ao 3.º verso, os pares, aos dois, deslocam-se ao centro, enfrentam-se, recuam, voltam ao meio e, em volta cerrada, ombro a ombro, cruzam-se e trocam os lugares.
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Há regiões onde o Vira se dança fazendo uma flexão do joelho esquerdo quando os pares, no 2.º passo, se enfrentam.
Cantador:
Ó moças vamos ao vira
qu’aí vem a viração (bis)
Coro:
Larai, lai, lai, lai, lai, lai,
Ó ai!
larai, lai, lai, lai, lai, lai! (bis)
Cantador:
O meu pai é pai do vira
– ó ai!
e o vira é meu irmão! (bis)
Coro:
Larai, etc.
Cantador:
Sou pobre, vivo contente,
sou rijo como o pinheiro; (bis)
Coro:
Larai, etc.
Cantador:
A saúde para a gente
vale mais do que o dinheiro (bis)
Partitura
Fonte: “Danças do Povo Português”, Tomaz Ribas (texto editado e adaptado)