O Folclore na era do disco vinil (tempos que já lá vão!)

O Folclore na era do disco vinil

Com o aparecimento em 1948 do disco de vinil, os antigos discos de 78 rotações que eram utilizados nas velhinhas grafonolas foram guardadas no baú das memórias.

A partir de então, começaram a produzir-se em série de dois formatos: o Long Play (LP) ou seja, de longa duração, com 33 rotações por minuto e o single de 45 rotações.

Porém, pouco mais de três décadas haviam de durar até aparecer no final da década de oitenta do século passado os compact discs, vulgo CD’s, transformando o disco de vinil em peça de museu.

O disco de vinil consiste num disco de plástico que, por meio da ação de um gira-discos, efetua a rotação do disco no sentido dos ponteiros do relógio e conduz a agulha sobre minúsculos sulcos que a fazem vibrar e, de forma mecânica, transformam as vibrações em sinal elétrico e este, uma vez amplificado, é produzido analogicamente em música.

A aproximação do Verão e com ele a época dos espetáculos era sempre antecedida pelo lançamento de um disco – um LP ou, pelo menos um single – que haveria de acompanhar toda a tournée do artista ou agrupamento, fazendo da primeira música do lado A o sucesso da ocasião.

À falta de reportório atualizado, as novas edições recuperavam gravações anteriores a fim de garantir a divulgação dos artistas e as receitas das editoras discográficas.

Algo que não difere substancialmente dos tempos que correm…

A capa dos discos constituía um dos seus principais atrativos, tanto pela qualidade gráfica como ainda pela informação disponibilizada, sobretudo nas capas dos discos de longa-duração (LP’s).

De resto, pela sua apresentação e o próprio circuito de distribuição, o disco de vinil possuía um estatuto diferenciado da cassete de fita magnética.

Grande contributo na divulgação do Folclore

Também o folclore deve ao disco de vinil em grande medida a sua divulgação.

Muitos foram os ranchos folclóricos que à época gravaram o seu disco, exibindo na capa um motivo etnográfico adequado ou a imagem do próprio grupo.

Dependendo naturalmente da importância da etiqueta e da sua capacidade de distribuição, o disco de vinil contribuiu grandemente para o prestígio de muitos grupos folclóricos uma vez que, de certa forma, representava um reconhecimento pelo seu trabalho por parte das editoras discográficas que apostavam na sua comercialização.

Encontramo-nos na era do compact discs (CD) e do Digital Versatile Disc (DVD) que permitem a leitura ótica e uma maior capacidade de armazenamento de ficheiros em formato digital.

O disco de vinil, contudo, ocupa um lugar de destaque na história da divulgação do folclore, com tanto ou maior impacto do que a sua própria atuação ao vivo.

Sem ele, seguramente muitas das nossas músicas tradicionais não teriam ficado no ouvido de muitas pessoas tanto que, salvo honrosas exceções, o folclore português jamais mereceu destaque significativo na programação televisiva e radiofónica.

Carlos Gomes, Jornalista, Licenciado em História

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