Hoje vamos bailar o Bailarico! | Danças tradicionais
Bailarico
Baile, balho, bailho, bailarito e bailarico são termos para designar popularmente o ato de bailar.
Por qualquer razão, hoje impossível de determinar, fixou-se um tipo coreográfico-musical com o nome de bailarico, de ritmo aparentado com a polca, em compasso binário (sem embargo de haver exemplares grafados em quaternário).
O bailarico é dançado pelo Alentejo, Ribatejo, Algarve e Estremadura. Armando Leça registou uma Moda do bailarico em Alte, Loulé [Algarve].
O lugar comum, que se encontra muito generalizado, mesmo entre os estudiosos, de que o bailarico é saloio, ou que, pelo menos, é na região saloia que mais é dançado, não se encontra comprovado através de rigorosas e competentes investigações de campo e análises comparativas.
Tudo indica tratar-se de um mito criado, como tantos outros nesta matéria da coreografia popular, e depois repetido por toda a gente, sem fundamento. Tal como
– o vira em relação ao Minho,
– o fandango em relação ao Ribatejo
– e o corridinho em relação ao Algarve.
No caso do bailarico, a asserção parece ter nascido de uma inocente quadra popular que refere “o bailarico saloio”
O bailarico saloio
Não tem nada que saber
É andar com um pé no ar
E outro no chão a bater,
quadra que, aliás, ocorre também referentemente a outras modas bailadas do nosso povo.
Coreografia
A coreografia estremenha do bailarico é a seguinte: uma roda, com os pares “desagarrados”, frente a frente e de costas viradas para o outro elemento do par vizinho.
Na primeira parte da música, a roda gira, com as raparigas recuando a bailar e os rapazes avançando em direção a elas.
Os passos são miúdos e saltitantes e tanto eles como elas levam as mãos no ar. Na segunda parte da música, os pares agarram-se e “valseiam” (bailam agarrados girando no mesmo sítio), primeiro para um lado e depois para o outro.
Este era o “bailarito singel” (singelo), pois havia o “bailarito passado”, em que, a certa altura, cada um “passa” pelo elemento do par vizinho que lhe está mais próximo, fazendo um oito em seu redor e regressando ao seu par.
O bailarico dançava-se “de quatro, de seis ou de oito” (quatro pares, seis pares, ou oito pares).
(in Terra Mater) Texto editado e adaptado | Texto e imagem retirados de Programa “O Povo a Cantar” – IRIS FM