Festa do Divino Espírito Santo – Açores

Festa do Divino Espírito Santo

O culto do Espírito Santo remonta ao tempo de D. Dinis e da Rainha Santa Isabel.

Quase desaparecido do continente – com as excepções de Penedo (Sintra) e da Festa dos Tabuleiros (Tomar) -, mantém-se vivo nos Açores, em especial na Ilha Terceira (mas também com muita força ainda nas de São Miguel, Santa Maria, Pico e Flores).

A emigração açoriana levou-o a locais tão afastados como o Hawai ou o Brasil.

Anualmente, as festas do Espírito Santo decorrem um pouco por todo o arquipélago dos Açores, todas as semanas desde a Páscoa até ao Domingo de Pentecostes, em alguns casos, ou Domingo da Trindade, noutros casos.

No geral, durante as festividades semanais realizam-se as “alumiações” – um misto de veneração das insígnias do Divino e de convívio alegre – e canta-se o “pezinho” ao mordomo e às pessoas que realizam generosas ofertas ao Espírito Santo.

Nestes festejos podem ouvir-se cantares ao desafio semelhantes ao norte de Portugal.

É uma tradição colectiva e caritativa, de inspiração franciscana. O culto dignifica e autonomiza uma das Pessoas da Santíssima Trindade, o Espírito Santo, associando-lhe a celebração da fertilidade da terra (talvez inspirada em ritos pré-cristãos) e a exaltação da fraternidade (concretizada na partilha do bodo).

Na Páscoa partilha-se o bodo com os mais necessitados. Esta é a essência das Festas do Divino Espírito Santo.

No Domingo da Trindade sorteiam-se entre os irmãos de cada confraria os mordomos do ano seguinte.

O escolhido deverá guardar em sua casa, em lugar de honra e destaque, as insígnias do Espírito Santo até ao ano seguinte. Na Pascoela [Domingo logo após o Domingo de Páscoa] começam os balhos e arma-se o trono do Espírito Santo.

A coroação do imperador e as insígnias

Na igreja da freguesia é coroado o imperador, geralmente uma criança, que deverá levar a coroa e o ceptro até casa doutro mordomo que as deverá guardar durante uma semana e assim sucessivamente, passando as insígnias de mordomo em mordomo até ao dia da festa, em Maio.

Estas passarão a estar expostas no império da confraria (pequeno edifício religioso, o mais das vezes parecendo uma capelinha em miniatura, uma das originalidades da arquitectura popular açoriana).

Durante a festa, a carne das reses oferecidas em cumprimento de promessas é confeccionada nos talhos (cozinhas construídas ao lado dos impérios). Depois, é servida com o pão, a massa sovada e o vinho de cheiro. O bodo é acompanhado por cantares e folias diversas. Nalgumas freguesias rurais, sobretudo da Terceira, realizam-se as touradas à corda.

As festas tendem actualmente a prolongar-se desde o Pentecostes até ao final do Verão, de forma a aproveitar a chegada dos emigrantes açorianos em férias.

As festas do Espírito Santo têm bastante significado nos Açores, embora de ilha para ilha existam algumas diferenças nos festejos.

Nas Terras do Priolo, as festas do Espírito Santo são comemoradas em todas as freguesias. Algumas que ainda cumprem com todas as festividades semanais, enquanto outras realizam só em algumas as semanas, por falta de disponibilidade de mordomos.

Se do ponto de vista religioso a grande festa dos Açores é o Senhor Santo Cristo (no quinto Domingo após a Páscoa), são estas múltiplas festas do Espírito Santo que conferem à região personalidade etnográfica.

 

Fonte: GUIA Expresso “O melhor de Portugal” – 12 – Festas, Feiras, Romarias, Rituais (editado e adaptado com outra fonte)| Imagem de destaque