Festas e Romarias

Feira da Agonia (Viana do Castelo – 1919)

Feira da Agonia

Foram extraordinariamente concorridos os festejos em honra da Senhora da Agonia, que se realizaram na histórica e encantadora cidade de Viana do Castelo.

Justifica-se, porém, o grande entusiasmo que este ano houve pela romaria.

Tinham já regressado os que em terras longínquas andavam empenhados nos duros trabalhos da guerra e traziam pesarosos os corações daqueles para quem eram bem caros.

Estas tradicionais festas, de resto, sempre animadas, são sobejamente reconhecidas como as mais importantes de toda a província do Minho. Assim é que, nos quinze dias em que dura a feira anual, uma numerosa multidão de forasteiros vindos de todo o norte e sul do nosso país, e mesmo das províncias fronteiriças da Espanha, proporciona ao amplo Campo d’Agonia, onde ela se realiza, um invulgar movimento.

E, para se ajuizar do valor da tradição miraculosa da Virgem d’Agonia, que de eras bem remotas se tem conservado integralmente até aos nossos tempos, bastará citar que todo o emigrante minhoto de visita ao seu berço natal ali chega próximo das festas ou se demora até elas.

É nos três primeiros dias da feira, ou seja, em 18, 19 e 20 de Agosto, que os festejos revestem maior brilhantismo, tendo então lugar os actos divinos.

As iluminações e os fogos-de-artifício são dum efeito maravilhoso, que prende o visitante que, tendo participado da peregrinação ao monte de Santa Luzia, se extasiará ante o panorama sobremaneira espaçoso e admirável que dali se domina, destacando-se, além do oceano, o rio Lima, marginado de frondoso arvoredo, alternado de lindas povoações e poéticas igrejas e ermidinhas.

Imagens

Um rancho de lavradeiras nos seus trajes regionais.
Grupo de cantadeiras, tipos característicos dos arraiais do norte.
Outro grupo de lavradeiras passeando no Campo da Agonia, fronteiro ao templo em que se venera a imagem da Virgem da Agonia.
Os «Zé-Pereiras», outros tipos característicos das nossas romarias do norte, onde são muito apreciados.
Um trecho das ornamentações dos vasto Campo da Agonia e um grupo de «Zé-Pereiras»

(«Clichés» do distinto amador sr. M. Vieira)

Ilustração Portugueza – II série – nº708 – 15 de Setembro de 1919 (texto editado e adaptado à grafia atual)