Doçaria Conventual e Regional de Coimbra
Arrufadas, pastéis de Santa Clara, manjar branco, queijada, sopa dourada, barriga de freira, charcada de Coimbra, pudim das Clarissas, suspiros, constituem parte do receituário doce caraterístico da cidade.
A Doçaria Conventual e Regional de Coimbra reúne produtos e receitas nascidos do engenho que permitiu a transformação de poucos ingredientes numa variedade de sumptuosas e delicadas preparações.
Ovos, açúcar e amêndoas formam a base indispensável, mas não exclusiva, de um repertório que se desdobra em doces de colher, bolos finos, bolos secos, fritos e confeitaria, sem esquecer compotas e demais doces de frutas.
A doçaria conventual tem a sua génese, como o nome indica, na prática, historicamente confirmada, desenvolvida nas casas religiosas femininas desde o início da época moderna.
Produzidos pelo labor de mãos femininas, que se dedicavam ao exercício da cozinha entre outras tarefas manuais realizadas nos intervalos das obrigações litúrgicas, muitos destes doces assumiram-se como representação das suas comunidades religiosas, cuja reputação carregavam, quando oferecidos a figuras ilustres.
Por séculos preparados em conventos locais, esses receituários terão encontrado maior divulgação em ambientes de fabrico e venda seculares, após a extinção das ordens religiosas.
Perduraram como legados à cidade, que os soube receber, adaptar e integrar na doçaria regional.
Hoje, os doces conventuais e regionais são percebidos como um património identitário, mantido vivo no trabalho de doceiras/os do concelho de Coimbra e da região.
O seu principal evento de divulgação é a Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra, que anualmente, e em data fixada pelo município, atrai antigos e novos apreciadores.
Parte desses doces também está disponível para venda durante todo o ano ou em períodos específicos em pastelarias. 1
Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra
Dos inúmeros receituários, destacam-se, como especialidades de Coimbra, os pastéis de Santa Clara, o manjar branco, as arrufadas de Coimbra, as queijadas, o pudim das Clarissas, as talhadas de príncipe, os suspiros, as barrigas de freira, a encharcada ou o pão-de-ló.
Ao longo dos anos e por diversos motivos, a arte de cozinhar ingredientes como os ovos, o açúcar, a gila e a amêndoa foi caindo no esquecimento.
No entanto, um trabalho de investigação contínuo e a passagem de testemunho oral e escrito tornaram possível repor, com esmero, a confeitaria coimbrã.
A Mostra de Doçaria Conventual e Contemporânea de Coimbra, que conduz à cidade inúmeros visitantes, mantém viva a riqueza das formas, dos sabores e dos saberes, preservando e divulgando a herança da doçaria coimbrã e de outras especialidades que, de forma similar, têm expressão em localidades de norte a sul do país, que marcam presença no certame, formando um abrangente quadro geográfico de iguarias conventuais e contemporâneas que Portugal oferece.
O evento, cujo epicentro é o Convento São Francisco, apresenta propostas de doces e licores conventuais inovadoras, que cruzam a tradição com a contemporaneidade, alinhadas com o objetivo de valorizar e criar uma harmoniosa simbiose entre o património imaterial e o edificado. 2
Fontes: 1 “Saber ser – saber fazer – O património cultural imaterial da região centro” | 2