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As Cantigas de Roda e duas dança-jogo

Cantigas de Roda

“As danças populares eram todas feitas à roda [por isso, também chamadas “cantigas de roda“]:

– ao domingo, no largo da povoação;

– em dias de festa no recinto da ermida;

– no fim dos trabalhos, na eira ou no terreiro.

Ao som da concertina, do bombo e dos ferrinhos, ou de simples gaita de boca, rapazes e raparigas, alternados, ora de mãos dadas, ora abraçados. Umas vezes, elevando as mãos, outras, apoiando-as na cinta. Agora fazendo estalar as pontas dos dedos, à guisa de castanholas. Depois, batendo as palmas, rodopiavam para a direita e para a esquerda, ao mesmo tempo que exteriorizavam jovialmente, em redondilhas maiores ou menores, quase sempre em leixapren, a sua esfusiante alegria.

Eram assim verdadeiras danças dramatizadas.”

Uma “dança-jogo” 1

Uma roda de rapazes e raparigas, com um rapaz ao centro. Enquanto o do meio acena com um lenço, os da roda cantam:

No alto daquela serra,
Está um lenço a acenar,
Está dizendo: viva, viva,
Morra quem não sabe amar.

Em seguida, o do meio ajoelha-se aos pés de uma rapariga e canta:

De joelhos a teus pés,
Nem assim, nem assim tens compaixão?

Então a moça cortejada responde-lhe cantando:

Levanta-te e dá-me um beijo,
Meu amor, meu amor do coração.

Depois, seguem os dois para o meio, acenando cada um com seu lenço, enquanto os da roda repetem:

No alto daquela serra,
Está um lenço a acenar,
Está dizendo: viva, viva,
Morra quem não sabe amar.

A cena repete-se com os outros personagens, até dar a volta à roda e terminar o jogo, dançando.

Roda Infantil, de Cândido Portinari , 1932. Pintura a óleo / tela, 39 X 47 cm. Pintada em Brodowski, São Paulo.

Outra “dança-jogo”1

Os da roda, de mãos dadas, cantam:

Quando eu era menina,
Menina, menina,

Depois, largam as mãos e afagam as faces dizendo:

Eu fazia assim,
Eu fazia assim:

Em seguida, batem as palmas e continuam a cantar:

E também assim,
E também assim.

De novo de mãos dadas, cantam:

Quando eu era professor(a),
Professor(a), professor(a),

Largam as mãos. Cada um bate na mão do vizinho, imitando o bater da palmatória, e cantam todos:

Eu fazia assim,
Eu fazia assim:

Depois, batendo as palmas:

E também assim,
E também assim.

Outra vez de mãos dadas:

Quando eu era avô(ó),
Avô(ó), avô(ó),

Fazendo o gesto de embalar:

Eu fazia assim,
Eu fazia assim:

Seguidamente, encurvados e coxeando:

E também assim,
E também assim:

O jogo pode continuar com as mesmas palavras, mas variando os gestos, conforme o que se pretende imitar: a costureira, o pedreiro, o carpinteiro, etc.

1 Danças-jogo recolhidas na freguesia de Mouçós – Vila Real

Hoje, as crianças já não jogam ou divertem-se com estas “danças-jogo”, que existiam de norte a sul de Portugal.

Mas, agora, há cada vez mais pessoas que se ocupam o tempo disponível e se divertem a jogar online, em plataformas como a melhoresportugalcasinos.com.

Fonte: “Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro – II volume – Cancioneiro”, Joaquim Alves Ferreira