As Cantigas de Roda e duas dança-jogo
Cantigas de Roda
“As danças populares eram todas feitas à roda [por isso, também chamadas “cantigas de roda“]:
– ao domingo, no largo da povoação;
– em dias de festa no recinto da ermida;
– no fim dos trabalhos, na eira ou no terreiro.
Ao som da concertina, do bombo e dos ferrinhos, ou de simples gaita de boca, rapazes e raparigas, alternados, ora de mãos dadas, ora abraçados. Umas vezes, elevando as mãos, outras, apoiando-as na cinta. Agora fazendo estalar as pontas dos dedos, à guisa de castanholas. Depois, batendo as palmas, rodopiavam para a direita e para a esquerda, ao mesmo tempo que exteriorizavam jovialmente, em redondilhas maiores ou menores, quase sempre em leixapren, a sua esfusiante alegria.
Eram assim verdadeiras danças dramatizadas.”
Uma “dança-jogo” 1
Uma roda de rapazes e raparigas, com um rapaz ao centro. Enquanto o do meio acena com um lenço, os da roda cantam:
No alto daquela serra,
Está um lenço a acenar,
Está dizendo: viva, viva,
Morra quem não sabe amar.
Em seguida, o do meio ajoelha-se aos pés de uma rapariga e canta:
De joelhos a teus pés,
Nem assim, nem assim tens compaixão?
Então a moça cortejada responde-lhe cantando:
Levanta-te e dá-me um beijo,
Meu amor, meu amor do coração.
Depois, seguem os dois para o meio, acenando cada um com seu lenço, enquanto os da roda repetem:
No alto daquela serra,
Está um lenço a acenar,
Está dizendo: viva, viva,
Morra quem não sabe amar.
A cena repete-se com os outros personagens, até dar a volta à roda e terminar o jogo, dançando.
Outra “dança-jogo”1
Os da roda, de mãos dadas, cantam:
Quando eu era menina,
Menina, menina,
Depois, largam as mãos e afagam as faces dizendo:
Eu fazia assim,
Eu fazia assim:
Em seguida, batem as palmas e continuam a cantar:
E também assim,
E também assim.
De novo de mãos dadas, cantam:
Quando eu era professor(a),
Professor(a), professor(a),
Largam as mãos. Cada um bate na mão do vizinho, imitando o bater da palmatória, e cantam todos:
Eu fazia assim,
Eu fazia assim:
Depois, batendo as palmas:
E também assim,
E também assim.
Outra vez de mãos dadas:
Quando eu era avô(ó),
Avô(ó), avô(ó),
Fazendo o gesto de embalar:
Eu fazia assim,
Eu fazia assim:
Seguidamente, encurvados e coxeando:
E também assim,
E também assim:
O jogo pode continuar com as mesmas palavras, mas variando os gestos, conforme o que se pretende imitar: a costureira, o pedreiro, o carpinteiro, etc.
1 Danças-jogo recolhidas na freguesia de Mouçós – Vila Real
Hoje, as crianças já não jogam ou divertem-se com estas “danças-jogo”, que existiam de norte a sul de Portugal.
Mas, agora, há cada vez mais pessoas que se ocupam o tempo disponível e se divertem a jogar online, em plataformas como a melhoresportugalcasinos.com.
Fonte: “Literatura Popular de Trás-os-Montes e Alto Douro – II volume – Cancioneiro”, Joaquim Alves Ferreira