A arquitectura popular no Minho (Soajo)
Arquitectura popular no Minho
Absorvido pela terra que o alimentava, a si e à sua família, o minhoto pedia à casa só um abrigo, sem luxo nem conforto.
Mas o desenvolvimento da lavoura e uma vida de maior desafogo vieram exigir mais daquela que passou a ser também a sua habitação.
A casa típica, de granito e de carvalho, associa e funde numa só, a modos de presépio, a habitação humana e o curral do gado.
As casas são de planta retangular e geralmente de dois pisos baixos:
– o andar sobradado, para habitação,
– e o térreo, para as cortes de gado e lojas.
Nos baixos recolhe-se uma parte da alfaia e localiza-se a adega, às vezes o celeiro e até as cortes.
Uma escada de pedra, guardada ou não e de um só lanço, sobe geralmente ou longo da fachada e varanda. Esta é coberta com alpendre, por onde se entra no sobrado.
A cobertura típica, geralmente de duas águas pouco inclinadas,
– é de telha caleira
– ou, nos casos mais rústicos, de colmo e giesta,
como sucede em certas aldeias do curso superior do Lima português. No século XVIII ainda se conservava o antigo costume de cada honrada ser coberta de colmo e não de telha
À volta da casa minhota não podem faltar a eira, as medas ou moreias, o poço, as cortes e os inseparáveis espigueiros. Da Galiza veio o gosto pelos espigueiros de granito como os de Soajo (Arcos de Valdevez) ou de Lindoso (Ponte da Barca).
A típica casa minhota
A típica casa minhota, em que os baixos arrecadam e armazenam e no andar existem os aposentos de viver, surge contudo sob diversos estilos que a fortuna ou a localização quase sempre explicam.
No Lindoso, é frequente uma casa exterior dar acesso a uma varanda de granito corrida ao longo da fachada e cuja cobertura, muito baixa, apoia em singelos pilares. No térreo, a varanda faz de coberto de arrumos.
Em Cabração, Moreira de Lima e Estorãos (Ponte de Lima) eram comuns as varandas de madeira, assentando sobre pilastras.
Na Serra de Arga e na Labruja (Ponte de Lima) já as varandas, para proteger do frio, são baixas e vedadas, estreitos os respiros e os postigos.
Em Ermida e Germil (Ponte da Barca), na serra Amarela, as janelas são diminutas, escassas e muito chegadas ao beiral para fazer face às inclemências do clima.
Fonte: “Cores, sabores e tradições – Passeios no Vale do Lima” (texto editado e adaptado)