Alheira de Mirandela – Fumeiro e enchidos
Alheira de Mirandela
Entende-se por Alheira de Mirandela o enchido tradicional fumado cujos principais ingredientes são a carne e a gordura de porco da raça Bísara ou produto de cruzamento desta raça com as raças Landrace, Large White, Duroc e Pietrain (desde que 50% de sangue Bísaro).
Sem esquecer a carne de aves (galinha e ou peru), o pão de trigo, o azeite de Trás-os-Montes e a banha, condimentados com sal, alho e colorau doce e/ou picante.
Podem ainda ser usados como ingredientes a carne de animais de caça, a carne de vaca e o salpicão e ou o presunto envelhecidos.
História da alheira
A alheira terá sido inventada, no séc. XV, pelos Judeus, como artimanha para escaparem às malhas da Inquisição em Portugal. Isto depois de terem sido expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, Fernando II de Aragão e Isabel de Castela.
Como a sua religião os impedia (e impede) de comer carne de porco, eram facilmente identificáveis pelos seus perseguidores pelo facto de não fazerem nem fumarem os habituais enchidos de porco.
Assim, substituíram a carne de porco por uma imensa variedade de carnes, que incluíam vitela, coelho, peru, pato galinha e por vezes perdiz. Tudo envolvido por uma massa de pão que lhes conferia consistência.
A receita acabaria por se popularizar entre os cristãos, mas estes juntavam-lhe a omnipresente carne de porco.
O Abade de Baçal, Francisco Manuel Alves, faz referência à alheira como chouriço judeu, corroborando a ligação dos enchidos aos ‘novos cristãos’.
Embora a ligação da alheira com os cristãos novos seja uma romântica ideia popular, e muito divulgada pelos habitantes da região transmontana, não há factos completamente concludentes e não são grandes as probabilidades de se lhes poder atribuir a sua invenção.
O ciclo de produção de fumeiros caseiros era, e é, directamente, ligado aos animais que se criam para consumo próprio.
Hoje, as mais afamadas são as de Mirandela, mas por toda a Beira Alta e Trás-os-Montes se fazem alheiras artesanais de excelente qualidade.
Geralmente são fritas em azeite e servidas com legumes cozidos. Mas também podem ser estufadas, depois de envolvidas em couve lombarda.
Fonte do texto (adaptado) e da imagem de destaque