Adágios e ditos sobre o vinho | Provérbios  

Adágios e ditos sobre o vinho

«Pelo seu ditoso clima, Portugal possui condições em extremo favoráveis ao desenvolvimento da videira, que apresenta ao mesmo tempo muitas variedades, conforme as regiões:

– na de entre-Douro-e-Minho, mais fria, e de solo granítico, medra quási exclusivamente a videira de vinho verde, conquanto a região do vinho verde seja mais extensa1;

– na parte média da bacia do Douro, paleozoica (pré-câmbrica) e com declives extensamente assoalhados, medra a videira do vinho generoso;

entre o Dão e o Mondego, em terrenos graníticos, medra a videira do vinho conhecida com o nome do primeiro d’estes rios; (…)» Continuar a ler

Aqui damos a conhecer alguns…

Adágios sobre o vinho

Quem se lava com vinho, torna-se menino.

Pão, vinho e parte no Paraíso.

A mulher e o vinho tiram o homem do seu juízo.

Quem é amigo do vinho de si mesmo é inimigo.

Ao bebedor não lhe falta vinho, nem à fiandeira linho.

Ao menino e ao borracho põe-lhe Deus a mão por baixo.

Vinho quanto bebas!

Muita parra pouca uva.

Provérbios e ditados populares sobre as profissões

Vinho e amigo, o mais antigo!

Azeite, vinho e amigo, do mais antigo.

O vinho é o sangue dos velhos.

Por cima do melão vinho de tostão.

Pão com olhos, queijo sem olhos, vinho que salte aos olhos.

Carne, pão e vinho é que anda o caminho.

Carne de hoje, pão de ontem, vinho do outro Verão, fazem o homem são.

Dia de S. Tiago vai à vinha e colhe um bago.

Pelo S. Martinho fura o teu pipinho.

Covas1 e Pinho2 e Vila da Ponte3 sem vinho.

Quem ceia vinho almoça água. E daqui o dizem em Vila Real.

Quem ceia em Vinhais almoça em Fontes4.

Vinagre em charneca é vinho de três anos (Alentejo).

Se queres conhecer o teu amigo, dá-lhe vinho.

1 De Barroso

2 De Chaves

3 Barroso

4 Povoação de Trás-os-Montes

Provérbios sobre as actividades agrícolas e o clima 

Ditos sobre o vinho         

Quando o vinho está misturado com água, diz-se que passou pelo poço do Bispo (Lisboa).

Ele é da cepa e não da giesta, da barriga sobe para a testa.

Este não emborracha, mas agacha.

Vinho de Pêrre mata a fome e a sede (Barcelos).

Molhar a palavra é beber.

F. bebe é o mesmo que dizer que bebe muito vinho.

Beber um xeréu é dar uma fugida do trabalho para ir beber meio quartilho de vinho a uma taberna (Penafiel).

O quinto mandamento do pobre é: Não bebe vinho, nem branco nem tinto (Miranda do Douro).

De quem está bebendo vinho por uma garrafa diz-se que está tocando a recolher (Lisboa).

Em Lisboa, receita-se contra a gripe: abife-se, avinhe-se e abafe-se.

Quem bebe vinho ao deitar-se diz que o faz p’rá sossega.

Come-se uma isca de febra assada para fazer boca para a pinga.

Bebe-se para endireitar as canelas.

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Ainda mais ditos sobre o vinho…

Tudo isto é para os santos golos.

Quando se está a deitar vinho a alguém num copo e se pergunta até onde quer, o bebedor, se é gracioso, responde: – Basta cheio.

Quando o copo está cheio de vinho, costuma dizer-se a quem o vai beber: «Dá-lhe um beijinho, para se não entornar

De alguém que bebe muito diz-se por ironia: «Não bebe senão por baixo do nariz um dedo!» (Tolosa).

Diz-se a respeito do que bebe muito numa taberna: «Aquilo é bota e deita e não olha e conta» (Lisboa).

Os que numa taberna observam alguém que está pingueiro costumam dizer ao dono ou à dona da mesma: «Encha, tia Maria (ou tio Manuel)! Pequenos e grandes, nem que seja vinagre ou água de sabão!» (Lisboa).

Diz-se a um bêbedo: «és como o S. Martinho, quanto ganhas e não ganhas tudo é para vinho» (Tolosa).

De quem cambaleia pela rua ouve-se dizer: «aquele vai d’asa caída, de parede a parede» (Gáfete).

Quando alguém aparece magoado, com feridas na cara, sem se saber a razão, diz-se-lhe: «Isso foi o Vinhais!»

Deitar carga ao mar é deitar fora o vinho inteiro (Lisboa).

Em relação à gente de Arruda ouve-se: «os proprietários de Arruda têm as chaves das adegas de prata», isto é, brancas, pelo muito uso que se lhes dão.

Passar como cão por vinha vindimada é passar sem querer que se perceba que se passa.

Fonte: “ETNOGRAFIA PORTUGUESA” – Livro III – José Leite de Vasconcelos

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