A Ciranda | danças do povo português
Ciranda
A Ciranda é uma dança que se divulgou no século passado [séc. XIX] e vem inserta em vários cancioneiros.
Não tem acompanhamento instrumental, pois baila-se apenas ao som de harmónio e com acompanhamento de canto.
Não deve ser uma dança muito antiga entre nós porque o harmónio é um instrumento austríaco que só há um século começou a popularizar-se em Portugal.
A Ciranda é uma dança que se baila particularmente na Beira Litoral e na região do norte da Estremadura.
Maneira de dançar a Ciranda
Posição inicial
Uma roda fechada, com os pares de mãos dadas ou, então, à maneira antiga, isto é, a roda igualmente fechada mas os pares em vez de darem as mãos ficam de braço dado.
1.° Passo
Enquanto o cantador canta, a roda volteia: para um lado durante o primeiro verso, para o outro durante o segundo verso; repetem-se os movimentos no bis.
2.° passo
O segundo passo coincide com o terceiro verso. Os pares vão mudando, de mão em mão (como nas rodas de cadeia das brincadeiras infantis) até cada cavalheiro encontrar a sua dama, isto é, até os pares se encontrarem de novo.
Quando os pares se encontram, agarram-se e dão uma volta dançada.
Em algumas regiões baila-se a Ciranda à maneira antiga, isto é, do século passado.
Segundo o Prof. Armando Leça – individualidade que muito tem estudado as canções e as danças populares portuguesas e a quem muitas elucidações sobre o assunto se ficam devendo essa maneira antiga de bailar a Ciranda era a seguinte:
«O cavalheiro dá a mão direita à direita da dama e ambos dão meia volta sobre o lado direito; em seguida, dando as mãos esquerdas, dão meia volta sobre o lado esquerdo e repetem as mesmas voltas, salvo quando é para acabar que, como se diz na cantiga, dão volta inteira e fica cada um com o seu par.»
Cantador:
ó ciranda, ó ciranda,
eu hei-de ir ao teu serão, (bis)
fiar duas maçarocas
do mais fino algodão. (bis)
Coro:
o ciranda, ó ciranda,
Vamos nós a cirandar; (bis)
Vamos dar a meia volta,
meia volta vamos dar.
Vamos dar a outra meia,
outra meia e troca o par.
Cantador:
ó ciranda, ó cirandinha
andas sempre a cirandar; (bis)
lá no tempo da azeitona
anda a ciranda no ar.
Partitura
Fonte: “Danças do Povo Português”, Tomaz Ribas (texto editado e adaptado) | Imagem (retirada da net e modificada)