A arte-xávega no litoral oeste de Portugal – Técnicas tradicionais
Arte-xávega na Praia da Tocha – Cantanhede
A arte-xávega é uma técnica de pesca de cerco e alar para a terra, há séculos presente nas costas portuguesas.
Trata-se de uma prática sazonal, que apresenta especificidades regionais e locais, legadas pelas diferentes circunstâncias geográficas, históricas e sociológicas encontradas.
No município de Cantanhede, é realizada pela comunidade de pescadores da praia da Tocha.
Diferencia-se de outros tipos de pesca pela utilização de uma rede envolvente ligada a um saco central, onde são capturados os peixes, que se prolonga por duas mangas laterais compridas (asas), a cujas extremidades (calões) se amarram os cabos (calas) de alagem.
Também utiliza embarcação própria, tradicionalmente construída em madeira de pinheiro.
A dinâmica de pesca consiste em deixar um cabo em terra e levar o outro no barco; depois que o saco é lançado ao mar, o barco regressa à praia com o segundo cabo.
Inicia-se, então, o processo de alagem dos cabos, quando a rede é puxada para a praia, com o auxílio de tratores.
A atividade organiza-se a partir de unidades de trabalho denominadas companhas, divididas em dois grupos: os trabalhadores que vão ao mar e os que ficam em terra.
A estes últimos, cabem tarefas como ajudar a aparelhar o barco com as redes, manobrar os tratores, escolher e separar os peixes, tratar da venda.
A autoridade máxima da companha é o arrais.
Não é usual haver mulheres entre os que vão ao mar.
Sinal da mudança dos tempos é o facto de na praia da Tocha uma filha ter herdado a companha de seu pai.
A arte-xávega é essencialmente usada para a pesca de sardinhas, carapaus, chicharros e cavalas, espécies de peixes nómadas, que se deslocam em grandes cardumes e aproximam-se da costa durante a primavera e o verão.
Para ler: O Pescador Poveiro – Subsídios etnográficos
Arte-xávega na Praia da Torreira – Murtosa
No município da Murtosa, a pesca segundo os preceitos da arte-xávega realiza-se na praia da Torreira, entre os meses de março e outubro.
Como noutras localidades do país, o que a caracteriza são técnicas específicas e o uso de embarcações adequadas às circunstâncias ecológicas locais.
Arte-xávega em Ovar
Entre as artes de pesca mais utilizadas em Portugal encontram-se o cerco, o arrasto, as redes de emalhar e de tresmalho, o palangre, a ganchorra, as armadilhas e a xávega.
A arte-xávega usa uma técnica de pesca tradicional de cerco e alagem para terra, com recurso a uma embarcação utilizada para largar as cordas e as redes.
As redes são puxadas a partir da praia com orientação e esforço de braços dos pescadores e suas famílias.
Tradicionalmente usavam-se juntas de bois atreladas às redes, atualmente recorre-se a tratores.
Para ler: Adágios e provérbios sobre a pesca e o pescador
Arte-xávega na Praia de Pedrógão
A arte-xávega é uma técnica tradicional de pesca de proximidade realizada nas costas baixas, arenosas e sujeitas a grande ondulação e agitação marítima.
Implica conhecimentos específicos sobre o mar por parte dos seus executantes, para que o lançamento das embarcações ao mar, em formato de meia-lua, estreitas e de cores vibrantes, seja bem sucedida.
A força dos braços dos pescadores, hoje auxiliada por tratores, recolhe com cordas as redes até a praia.
Nesta lide artesanal participam também as mulheres, que se envolvem, particularmente, na recolha, separação por espécies e tamanhos, do peixe que vem na rede, seu transporte e venda.
Arte-xávega na Praia da Vieira
A arte-xávega é uma prática artesanal de pesca tradicional com o uso de rede, puxada pelas embarcações em formato de meia-lua, por longos metros de distância da costa.
Depois de o barco regressar à praia, a rede é puxada, hoje por tratores, antes destes, por juntas de bois.
Às mulheres ficava reservada a tarefa de venda do peixe, porta a porta.
Atualmente a pescaria é vendida no próprio areal.
Fontes: “Saber ser – Saber fazer – O Património Cultural Imaterial da Região Centro”