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27ª edição do Desfile Nacional do Traje Popular Português

A 27ª edição do Desfile Nacional do Traje Popular Português vai realizar-se no próximo dia 21 de setembro, em Viseu (Campo de Viriato), com início pelas 21h00.

Esta iniciativa integra o programa da feira Franca em Viseu, e vai reunir “na cidade mais de mil participantes de todas as regiões de Portugal Continental e da região autónoma da Madeira, os quais, no Campo de Viriato, irão apresentam os jeitos e preceitos do trajar d’antanho, exibindo as diferenças regionais e a multiplicidade de cores e texturas que constituem o Traje Popular Português.

Através da valorização do traje, o Desfile constitui um importante contributo para a preservação da memória coletiva, perpetuando conhecimentos e técnicas artesanais ancestrais.

Um dos objetivos centrais do evento, na presente edição, assenta na valorização do traje popular português, com especial enfoque na realidade cultural e identitária do território de Viseu, integrado na região da Beira Alta, Viseu Dão Lafões e Terras do Demo. (…)

A realização deste Desfile em Viseu concretiza-se através da celebração de um Acordo de Cooperação entre o Município de Viseu e a Federação de Folclore Português.” (CM Viseu)

A variedade dos trajes tradicionais em Portugal

“O estudo iconográfico do nosso Povo tem particular interesse pela riqueza e variedade dos trajos, designadamente nas zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos, onde o vendaval do transformismo não alcançou ainda profaná-los, aristocratizando-os.

Os hábitos de vestir das populações aldeãs subordinam-se, dum modo mais ou menos acentuado, ao carácter dos naturais, sua vida social, seus processos de trabalho e ainda à situação topográfica e feições geológicas, orográficas e climáticas da região.

A indumentária caracteriza, até certo ponto, as províncias.

Nas sadias e verdejantes veigas minhotas, os vestidos das camponesas são deslumbradores, garridos de cores.

Nas lombas hirsutas das serranias, as mulheres quási se amortalham em anáguas de tomentos e sombrias capuchas de burel.

Ainda nas regiões nortenhas – onde o sol nos espreita de soslaio, numa blandícia clara e os arraiais se repetem prazenteiros e rumorosos – os chapéus da mulher rústica são rudimentares, guarnecidos de adornos tafuis, tendo como motivos ornamentais… fitas, borlas, plumas tingidas de cores alacres, contas de vidro, espelhos e penachos de fio de seda.

Ao sul – onde o calor é esbraseante e a paisagem soalheira – os chapéus são mais despretensiosos e têm amplas abas, para ensombrarem a pele morena das aldeãs.

O espírito de originalidade, a necessidade dos camponeses se reconhecerem e diferençarem dos confinantes, de evidenciarem os méritos respetivos, seus arroubos de imaginação, explicam até certo ponto a origem desta fertilidade de criações suntuárias, chãs e singelas, e, por isso mesmo, nimbadas de saudável beleza. (…)” 1

1 Guilherme Felgueiras da Associação dos Arqueólogos Portugueses, In “Boletim da Junta de Província da Estremadura” – 1939