Romaria de Nossa Senhora da Lapa – Sernancelhe

Romaria de Nossa Senhora da Lapa

A Romaria de Nossa Senhora da Lapa é das mais importantes da Beira Alta, com os seus momentos alto a 10 de Junho, 15 de Agosto e primeiro domingo de Setembro.

O dia começa com a saída do andor para uma pequena capela setecentista em torno da qual se aglomeram milhares de peregrinos.

Situado entre Aguiar da Beira e Sernancelhe, o Santuário de Nossa Senhora da Lapa fica na aldeia da Lapa. Acede-se a partir de uma derivação para poente da EN 226, Trancoso – Moimenta da Beira.

O santuário, classificado IIP, data do séc. XVII, sendo o culto muito anterior. A imagem original teria sido escondida numa gruta (lapa) no século X, quando das arremetidas do califa de Córdova.

Reza a lenda que foi redescoberta em 1498 por uma criança muda que apascentava um rebanho. Quando a mãe lançou a imagem à fogueira, a pastora recuperou a fala. A fama deste e doutros milagres espalhou-se pela Beira.

No séc. XVII os jesuítas construíram uma igreja maior, que engloba a lapa original, existindo nesta uma passagem entre rochas por onde, reza a tradição popular, só passam as pessoas sem pecado grave (provável alusão às grávidas solteiras).

Lapa: entre as rochas só passam as mulheres sem pecado

Do teto pende uma réplica de um lagarto gigante.

Uns dizem que é o ex-voto de um natural da terra que, atacado por um crocodilo na Índia, se salvou por ter invocado a Senhora da Lapa.

Para outros trata-se de um mostro que aterrorizava a região e foi morto por uma pastorinha que o foi alimentando com novelos de lã até o sufocar. 1

Santuário de Nossa Senhora da Lapa

O Santuário de Nossa Senhora da Lapa está situado na serra do mesmo nome, na freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe, diocese de Lamego, distrito de Viseu.

Diz a lenda que, em 1498, uma pastorinha de 12 anos, de nome Joana, muda de nascença, introduzindo-se por entre as fendas das rochas encimadas pela grande lapa, aí encontrou uma linda imagem da Virgem, que ali teria sido escondida há mais de quinhentos anos por umas religiosas fugindo a uma perseguição.

A devoção e todo o carinho que a menina dedicou à imagem, valeram-lhe uma especial proteção da Virgem que por milagre lhe concedeu o dom da fala.

Depressa se divulgou o milagre, originando uma crescente afluência de peregrinos, jamais interrompida até aos dias de hoje. Os primeiros devotos prepararam uma gruta debaixo da lapa, onde entronizaram a imagem, construindo ao lado uma pequena ermida.

Em 1576, a Lapa foi confiada aos Padres da Companhia de Jesus, sediados no Colégio de Coimbra. Estes construíram, então, o actual Santuário, abrigando a penedia no seu interior. Em 1685 iniciaram a construção do “Colégio da Lapa“, contíguo ao Santuário.

Igreja de Nossa Senhora da Lapa

Daqui partiu a devoção para os mais variados pontos do país e do mundo, chegando à Índia e ao Brasil. Esta expansão foi facilitada pela actividade missionária dos mesmos Padres Jesuítas, aos quais estava confiado este Santuário.

A Senhora da Lapa, em Portugal, e Santiago de Compostela, na Espanha, chegaram a ser, em tempos, os dois Santuários mais importantes da Península Ibérica. Fonte

Lenda da Pastorinha Joana

Chamava-se Joana a pastorinha muda, de doze anos, que, enquanto guardava um pequeno rebanho de ovelhas, avistou, por entre as fendas de um penedo ou lapa, uma imagem de Nossa Senhora.

Diz a história que Joana aproximou-se da imagem e, extasiada, permaneceu em oração por largo período de tempo.

A pastorinha reparou, então, que as vestes da imagem se encontravam destruídas pela ação do tempo e pela humidade e decidiu erguer, naquele local, um altarzinho.

Limpou a imagem, colocou flores em seu redor e não mais deixou de pensar no seu “tesouro”.

No dia seguinte, Joana levou a imagem para casa na cestinha onde a mãe lhe enviava o farnel.

A mãe, que não apreciava o facto de Joana perder tempo a fazer vestidinhos para a “boneca”, atirou-a ao lume. Desesperada, Joana, muda de nascença, gritou para a mãe: “Tá! Minha mãe! É Nossa Senhora da Lapa! Ai! Que fez?”.

Diz a lenda que a imagem não se queimou, mas nesse preciso momento a mãe ficou com o braço paralisado. Arrependida do ato que acabara de cometer rezou com Joana e tudo voltou à normalidade.

O pároco, conhecedor da história, pediu que a imagem fosse colocada na Igreja Matriz, para não ficar naquele ermo, só que a imagem desaparecia de lá e aparecia na gruta onde Joana a havia descoberto. Era lá que ela queria ser venerada, dizem. Fonte 

Fonte: 1 GUIA Expresso “O melhor de Portugal” – 12 – Festas, Feiras, Romarias, Rituais